Embaixador defende atuação do G-77 em Johannesburgo

Chefe da equipe de negociadores brasileiros reconhece dificuldades de coordenação do bloco

JOHANNESBURG – O embaixador brasileiro na ONU, Gelson Fonseca, reconheceu as dificuldades de conduzir negociações numa instância como a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, sob o guarda-chuva do G-77, o bloco de 133 países ao qual pertence o Brasil. Mas defendeu as vantagens dessa estratégia. De acordo com Fonseca, que chefia a equipe de negociadores brasileiros em Johannesburgo, o G-77 tem um grande peso, “mesmo sendo extremamente heterogêneo – abriga Cingapura e Burundi, por exemplo”.

O embaixador citou três vantagens de continuar no bloco: o peso da história e da tradição, com 30 anos de aprendizados em práticas negociais; o fato de exprimir que o mundo está dividido entre ricos e pobres; e o fato de que o Brasil “tem tido uma força muito grande” no G-77. O Brasil faz parte do grupo dos países “falantes” no G-77, ao lado da China, Índia e Indonésia, entre outros.

Fonseca fez essas afirmações em resposta a uma pergunta do presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), Cláudio Langone, durante um briefing que concedeu na manhã desta terça-feira, junto com o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, às organizações não-governamentais, sobre o andamento das negociações acerca do Plano de Implementação da Agenda 21.

Segundo Langone, secretário do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, na reunião preparatória dos países da América Latina e do Caribe, em outubro no Rio, o Brasil “abriu um espaço fora da polarização entre o G-8 (o grupo dos sete países mais ricos e a Rússia) e o G-77”. E perguntou se o Brasil não poderia criar uma “terceira via, uma linha intermediária, construindo posições comuns com países dos dois blocos”.

Na prática, o Brasil tem feito isso. Na cúpula de Johannesburgo, por exemplo, o País busca apoio da União Européia para sua principal proposta, de estabelecer metas para o uso de fontes renováveis de energia, e não conta com a ajuda dos países da Opep, que fazem parte do G-77.

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