Rio +10 abre oportunidades para o País

Brasil vai marcar posições sobre desenvolvimento sustentável. E fechar negócios

JOHANNESBURG – O Banco Mundial (Bird) concederá ao Brasil recursos da ordem de US$ 80 milhões para custear a ampliação das unidades de conservação da Amazônia, de 5% para 10% do território da região. O acordo será firmado pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e James Wolfensohn, do Bird, no dia 3, em Johannesburg, durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +10. As unidades de conservação compreendem parques nacionais, florestas nacionais e estações ecológicas. Os atuais 5% excluem as áreas indígenas, algumas das quais coincidem com áreas de preservação ambiental.

Os curitibanos também não vão sair de Johannesburgo de mãos abanando. O Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar) vai oferecer à cidade uma verba de 375 mil euros para a montagem de um centro mundial de treinamento de técnicos em programas ambientais, de saúde, saneamento básico e outros temas relacionados ao desenvolvimento sustentável.

Esses devem ser os frutos mais imediatos da reunião. Mas, embora o presidente tenha dito que vinha “passar o pires”, o governo brasileiro não tem interesse em que a conferência fique excessivamente focada na questão da pobreza, uma forte tendência, até pelo fato de estar sendo realizada num país africano. Para o Brasil e outros países em desenvolvimento, o objetivo central deve ser avançar nos temas do “desenvolvimento sustentável”.

Representantes de 188 países iniciaram ontem as negociações preliminares acerca da versão final do Plano de Implementação da Agenda 21, um dos documentos que devem ser aprovados na Cúpula de Johannesburg. O outro será uma declaração política dos chefes de governo. Um quarto do Plano de Implementação, de 71 páginas, está entre colchetes, ou seja, não houve consenso a respeito desses trechos na reunião preparatória de Bali, realizada entre maio e junho. “Estamos apenas começando”, disse ontem ao Estado o chefe da equipe de oito diplomatas brasileiros, Gelson Fonseca, embaixador do Brasil nas Nações Unidas. “Essas coisas demoram.”

O Brasil traz uma proposta, elaborada pelo secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, e endossada pelos países da América Latina e do Caribe, para que todo o mundo atinja, em 2010, a fatia de 10% de fontes renováveis de energia. A proposta enfrenta resistências dentro do próprio bloco a que o Brasil pertence, o G-77, que inclui os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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