Em Wisconsin, os ricos subúrbios respaldam Romney

No Estado do vice da chapa republicana, porém, perfil da maioria dos eleitores resulta em sólida base democrata

MADISON, EUA – Desde 1988 os democratas têm vencido todas as eleições presidenciais em Wisconsin. Desta vez, o candidato a vice na chapa republicana, o deputado Paul Ryan, vem daqui. Ryan ainda não foi capaz de assegurar a vitória no seu Estado, mas a média das pesquisas, calculada pelo Real Clear Politics, coloca a disputa nas margens de erro para baixo e para cima: 49,7% para Barack Obama e 46% para Mitt Romney.

O perfil da população de Madison, a capital de 233 mil habitantes (o Estado tem 5,7 milhões), resulta numa sólida base democrata, observa David Canon, professor de ciência política da Universidade de Wisconsin: funcionários do governo estadual; uma comunidade universitária de 42 mil estudantes, professores e servidores; pequenos empresários, cientistas e trabalhadores altamente capacitados do polo industrial de softwares e instrumentos científicos situado no oeste de Madison; operários sindicalizados da fabricante mundial de alimentos Kraft Foods.

Além disso, na periferia sul de Madison, há um cinturão de pobreza habitado por negros e latinos, que também tendem a votar em Obama. Entretanto, Wisconsin é um Estado de maioria branca mais acentuada que o país como um todo: 88,4% da população, enquanto que nos EUA são 78,1%; os negros são apenas 6,5% (12,6% nos EUA) e os latinos, 6,1% (16,7% no país).

É a classe média branca de alto grau de instrução que forma o grosso do eleitorado democrata. Pessoas como  o casal Steven Goodman, de 57 anos, engenheiro biológico, dono de uma empresa que desenvolve microscópios para laboratórios, e Bobbi Tennenbaum, de 52 anos, que trabalha numa firma de avaliação de programas de eficiência energética. Eles elencam inúmeras razões para votar nos democratas, como o investimento em pesquisa científica e em energia limpa, a “separação Igreja-Estado” (que envolve a legalidade do aborto) e a reforma do sistema de saúde.

O que faz pender a balança de Wisconsin para o lado republicano são os ricos subúrbios em torno das
cidades e as áreas rurais. Mesmo em Janesville, a cidade de 63 mil habitantes de onde Ryan é originário, o repórter encontrou um eleitorado dividido. “Temos de tirar o governo das nossas vidas o máximo que pudermos”, resumiu Curt Goodwick, de 45 anos, instalador de uma empresa de telefonia, que tem uma placa de Ryan em seu jardim. Já Tayla Beall, de 24 anos, disse: “Olhei algumas coisas que o Romney diz e realmente não parece que são para mim. Estou abaixo da linha da pobreza. Tenho de me preocupar com meus dois filhos.”

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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