Partido oficializa candidatura de Obama

Senador é nomeado por aclamação, após apelo de Hillary por unidade dos democratas em torno de ex-rival

DENVER – O senador Barack Obama foi eleito ontem por aclamação o candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos. A nomeação foi precedida de uma votação, em que o nome de sua rival, a senadora Hillary Clinton, também foi apresentado. Quando Obama tinha 1.549 votos e Hillary, 341, a senadora interveio e pediu: “Com os olhos permanentemente fixos no futuro, e pela unidade do nosso partido, vamos declarar juntos em uma voz que Barack Obama é o candidato e será nosso presidente.” Em seguida, Obama foi escolhido candidato por aclamação. 

Durante a votação, a maioria dos Estados dividiu seus votos entre ela e Obama, de acordo com os resultados nas primárias e as adesões dos delegados de Hillary a Obama. Mas os 185 delegados de Illinois, Estado de Obama, simbolicamente abstiveram-se. Já o Estado “adotado” por Hillary depois de se casar com Bill Clinton, Arkansas, depositou todos os seus 47 votos para Obama, seguindo o “chamado pela unidade” feito pela atual senadora por Nova York. A Califórnia, Estado mais populoso do país, com 441 votos, também se absteve. A Flórida, que, depois da polêmica sobre a anulação de sua primária por causa de sua antecipação não autorizada, conquistou o direito de participar, deu 166 votos a Obama e 51 a Hillary.

Mais cedo, Hillary tinha liberado seus delegados para votar em Obama. Muitos resistiram, gritando: “Não, não.” Ao que Hillary respondeu: “Não estou dizendo a vocês o que fazer.” A ex-primeira-dama abandonou a disputa no dia 7 de junho, depois de eleger 1.896 delegados nas primárias, enquanto Obama já havia conseguido 2.201 (são necessários 2.210).

“Isso foi uma alegria”, disse a ex-primeira-dama a seus fiéis seguidores, em particular mulheres. “Nós não conseguimos, mas, puxa, como nos divertimos tentando.” E completou: “Sairemos de Denver unidos. Minha meta é vencermos em novembro.”

Mesmo com a derrota nas primárias, Hillary decidiu submeter simbolicamente seu nome na convenção, segundo ela para oferecer a seus partidários uma oportunidade de “catarse”. Seguindo a liturgia da convenção, dois partidários de cada um dos dois candidatos apresentaram e defenderam os seus nomes. “Não importa o que passamos durante as primárias, agora estamos juntos e apoiamos entusiasticamente a nomeação de Obama”, disse Debbie Wasserman-Schultz, da Flórida, que trabalhou pela campanha de Hillary mas apresentou o nome do seu rival.

Num emocionado discurso na noite de terça-feira, Hillary lembrou três pessoas que conheceu durante a campanha – uma mulher com câncer que não tinha seguro de saúde, uma trabalhadora que recebia salário mínimo e um marinheiro também preocupado com a assistência à saúde de seus companheiros que ficaram na guerra no Iraque – e perguntou aos seus delegados: “Vocês fizeram (a campanha) por mim ou por eles?”

Foi uma forma eloqüente de mostrar a seus seguidores – que manifestam um apego pessoal e emocional pela senadora – que as propostas do partido eram mais importantes do que a sua vitória individual. O gesto foi visto como prova de desprendimento de Hillary – acusada, junto com o marido, Bill, de colocar os interesses dos Clintons acima do partido.

“Tivemos uma grande convenção até agora”, exultou Obama durante uma mesa redonda com veteranos de guerra em Billings, Montana, antes de vir para Denver, onde fará seu discurso de aceitação da nomeação como candidato hoje à noite, no estádio do time de futebol americano Denver Broncos, com capacidade para 75 mil pessoas. “Tivemos duas mulheres poderosas, que falaram por duas noites seguidas, Michelle Obama and Hillary Clinton”, acrescentou, referindo-se a sua mulher, que falou sobre a trajetória do casal na primeira noite da convenção, na segunda-feira.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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