Partido Republicano não ganha em Michigan desde 1988

Bill Clinton venceu em 1992, os democratas levaram o Estado nas 4 eleições seguintes e são favoritos mais uma vez

DETROIT, EUA – A última vez em que um candidato republicano à presidência ganhou no Michigan foi em 1988, na eleição de George Bush, pai. Desde 1992, com a vitória de Bill Clinton, os democratas têm levado a melhor no Estado. Desta vez, Barack Obama está na frente, com 47,7%, contra 44,7% para Mitt Romney, na média das pesquisas formulada pelo site Real Clear Politics. Tecnicamente, Michigan é considerado indefinido.

“O Estado é heterogêneo”, define Michael Tragott, especialista em eleições da Universidade de Michigan. “Os afro-americanos de Detroit são quase inteiramente democratas.” Os negros representam 82,7% da população, em razão da fuga de brancos durante os distúrbios raciais dos anos 40 e 60. Em contrapartida, nos subúrbios de alto poder aquisitivo a oeste de Detroit, vivem eleitores brancos predominantemente conservadores.

No centro do Estado, há muitos conservadores em termos sociais, contrários ao aborto e ao casamento de homossexuais, por exemplo, e que por isso preferem Romney a Obama. Já no norte da península, há um eleitorado mais liberal e portanto democrata, descreve Tragott. Os dois senadores por Michigan são democratas, mas o governador é republicano.

Em Detroit, no entanto, a candidatura de Romney está manchada pela posição que ele adotou quando era aspirante a candidato a presidente nas primárias republicanas de 2008. No auge da crise econômica, que castigou a indústria automobilística concentrada em Detroit, ele publicou um artigo no jornal The New York Times, que foi intitulado “Deixe Detroit falir”.No debate do dia 16, quando Obama o confrontou com essa frase, Romney disse que defendia a decretação da falência das montadoras, para que elas ingressassem em um programa de recuperação financeira, e que foi exatamente isso o que o presidente fez. Seja como for, a forma como Obama reuniu representantes dos bancos credores, das montadoras, dos sindicatos e do governo, para encontrar uma saída negociada para a crise, cativou os trabalhadores da indústria. A operação de resgate não só preservou o 1,1 milhão de empregos da indústria automobilística como gerou outros 250 mil, segundo o United Auto Workers (UAW), o sindicato dos trabalhadores do setor, que apoia o Partido Democrata. Parte desses trabalhadores, como operários sindicalizados, já era democrata. Mas outra parte se encaixava no perfil do trabalhador branco de baixa escolaridade, conservador, que tradicionalmente vota nos republicanos.

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