Desaparecimentos afetam também oposição

PRD, da oposição, administrava município e Estado onde estudantes desapareceram; prefeito e governador foram afastados

IGUALA, México – Os protestos pelo desaparecimento dos 43 estudantes em Iguala têm tido como alvo o presidente Enrique Peña Nieto, mas o caso atinge também o seu principal rival, o líder oposicionista Andrés Manuel López Obrador. AMLO, como é conhecido, por suas iniciais, mantém fortes vínculos com o Partido da Revolução Democrática (PRD), que administrava tanto o município de Iguala quanto o Estado de Guerrero, cujo governador, Ángel Aguirre, foi afastado do cargo no dia 24 de outubro.

Os rivais de AMLO ainda guardam em Iguala cartazes da campanha de 2011 em que ele aparece ao lado do prefeito José Luis Abarca. Acusado de envolvimento no massacre, Abarca foi preso no dia 4 junto com sua mulher, María Ángel Pineda.

O vice de Abarca, Luis Mazón, chegou a assumir o cargo por algumas horas, mas em seguida desistiu. Seu irmão, Lázaro Mazón, que era secretário da Saúde de Guerrero na gestão de Aguirre, por indicação de López Obrador, o havia aconselhado a renunciar: “O ambiente em Iguala está muito pesado”. A Assembleia Legislativa de Guerrero nomeou prefeito interino Silviano Mendiola, que era juiz de um órgão equivalente ao Tribunal de Contas do Estado. Aguirre foi substituído por Rogelio Ortega, que era secretário-geral da Universidade Autônoma de Guerrero, e também foi nomeado pela Assembleia Legislativa. Ambos governarão interinamente até as eleições municipais e estaduais do dia 7 de junho do ano que vem.

AMLO ficou em segundo lugar nas duas últimas eleições presidenciais, apoiado por uma frente liderada pelo PRD. É um adversário incômodo. Não reconheceu os resultados de nenhuma das eleições. Em 2006, quando perdeu para Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional (PAN), por menos de 1%, ele liderou a ocupação do Paseo de la Reforma, a principal via do centro da Cidade do México, por três meses, em protesto pela suposta fraude. Em julho, López Obrador formalizou a conversão de seu Movimento de Regeneração Nacional, conhecido pela sigla Morena, em partido político. Certamente naquele momento não tinha ideia do quanto a medida era acertada. Mas não será tão fácil desvincular-se da sombra de Guerrero.

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