Ah, que delícia de férias!

Escandinavos descobrem as praias de Natal e são só elogios

NATAL – O pequeno Maunus está se divertindo à beça. Nem parece que é sua estréia numa praia tropical. Depois de uma semana em Natal, o menino dinamarquês de um ano e meio já sabe exatamente o que fazer com a areia fina e a água morna de Ponta Negra, todo lambuzado, correndo de lá para cá entre o mar e o buraco que está cavando na praia.

No dia em que chegaram, Maunus e seus pais levaram um susto. O garoto travesso cortou a mão num caco de vidro. A mãe dele, Karina Bergstrand, enfermeira, ficou preocupada com a profundidade do corte. Correram para um hospital particular de Natal e em dez minutos tudo estava resolvido.

“Ficamos surpresos com o tratamento, muito bom”, diz Morten, pai do menino.

O casal Bergstrand e os dois filhos vieram de Copenhague com seus amigos, Thomas e Helena Jensen, que têm uma filha. Eles fazem parte do contingente de centenas de escandinavos que desembarcam todas as semanas em Natal, em vôos charter de dez horas e meia de duração.

E, como outros que passeavam em Ponta Negra, só tinham elogios para as praias e para o povo de Natal. Outra surpresa no terreno da higiene:

“Ficamos impressionados ao ver os cozinheiros usando luvas”, diz Thomas Jensen. “Não estamos acostumados com isso quando viajamos.” Nas férias passadas, as duas famílias tiveram problemas estomacais por causa da comida na Ilha de Margarita, na Venezuela.

O enfermeiro sueco Oddvar Andersen ostentava um boné escrito “Brasil” sob o sol das 8h em Ponta Negra. Veterano, já esteve sete vezes no Brasil e é sua segunda vinda a Natal. “As praias são muito boas”, elogia.

Fredrik Gustavsson e Marie Eriksson, também suecos, tinham imaginado passar as férias no México, mas o charter foi cancelado por não haver passageiros suficientes. Então, surgiu o charter para Natal. Marie tinha feito um trabalho no curso de economia sobre o líder seringueiro Chico Mendes e ficou curiosa para conhecer o Brasil.

Uma semana depois, eles acham que valeu a pena. O que mais seduz o casal, ambos consultores de informática, é o fato de o Rio Grande do Norte não ter ainda muita coisa feita para o turismo. Eles comparam com as Ilhas Canárias, cujas praias vivem lotadas de europeus: “Lá há turistas demais e todo mundo está atrás do seu dinheiro”, diz Gustavsson, de 29 anos. “Prefiro lugares com pessoas reais, não perturbados nem modificados pelos turistas.”

Na comparação com as Ilhas Cook, da Nova Zelândia, onde passou um mês, Gustavsson acha que o Rio Grande do Norte perde em matéria de mergulho. Mas ele e Marie fizeram apenas snorkling em Maracajaú, ao norte de Natal. Não viram quase nada. Se tivessem ido para alto-mar e mergulhado com cilindro, poderiam ter visto muito mais peixes, barcos naufragados, etc.

Ao lado do calor e da simpatia, outra coisa que fascina os escandinavos são os preços. “Jantamos com mais um casal e a conta para as quatro pessoas veio R$ 73”, conta Gustavsson. Ao chegar, há uma semana, o casal trocou US$ 430.

Já haviam pagado os dois passeios que fariam – para mergulhar em Maracajaú e para a Praia de Pipa, ao sul – e ainda tinham US$ 230. Iam ficar mais uma semana: “Não conseguiremos gastar tudo o que trocamos.”

Thomas Jensen, que trabalha numa loja de roupas na pequena cidade dinamarquesa de Koege, concorda que a comida é barata, mas achou caras as roupas, sapatos e bolsas no shopping. Mesmo assim, saíram abarrotados de camisetas da Seleção Brasileira, do Flamengo e do Fluminense.

A onda de charters provenientes de Estocolmo, Copenhague e Oslo mudou a geografia humana de Natal. No início da noite, na porta de cada um dos restaurantes do circuito turístico da cidade estaciona um ônibus e dele descem dezenas de loiros, que se espalham pelas calçadas e feiras de artesanato. Essa massa homogênea ofusca um pouco os outros grupos de italianos, portugueses, argentinos e alemães, que também estão vindo para o Rio Grande do Norte.

Segundo a Secretaria de Turismo, o Estado recebeu 917 mil turistas em 1999 (854 mil brasileiros e 63 mil estrangeiros), ficando em terceiro lugar no Nordeste, depois da Bahia e de Pernambuco. A estimativa é de que, neste ano, o número pode chegar a 1,2 milhão.

“Seu país pode receber muito mais turistas”, garante Morten Bergstrand, dono de uma fábrica de frascos para medicamentos. “Acho que vai vir muita gente da Escandinávia para cá. Eu mesmo vou recomendar a todos os meus amigos.”

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