Arrocho fiscal pode unir principais governadores eleitos

Especialista duvida, no entanto, que Itamar e os outros governadores assumam oposição muito marcada frente ao governo federal

 

BELO HORIZONTE – Na hipótese de ocorrer um arrocho fiscal muito forte nos Estados, os governadores eleitos dos quatro Estados mais importantes – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul -, cada um de um partido, poderão aliar-se para defender seus interesses. Essa é a opinião do professor Carlos Ranulfo, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O cientista político observa que os governadores eleitos de Minas, o ex-presidente Itamar Franco (PMDB), do Rio, Anthony Garotinho (PDT), do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), e até mesmo o de São Paulo, Mário Covas, embora pertença ao PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso, são autônomos em relação ao governo federal. Entretanto, o alinhamento não iria além de uma resistência a um arrocho muito forte nos Estados ou de uma renegociação das dívidas, em termos mais favoráveis.

Ranulfo duvida que Itamar e os outros governadores possam assumir um papel de oposição muito marcada frente ao governo federal. “Nenhum governador, nessa conjuntura, poderá enfrentar o presidente”, avaliou ele. “Os Estados estão em situação de falência.” Minas, por exemplo, tem uma dívida de R$ 18 bilhões e 77% de sua receita comprometida com a folha de pagamento do funcionalismo. “A reforma fiscal mexe com arrecadação e repartição do bolo tributário e isso é tudo o que os Estados querem discutir.”

Ranulfo, especialista no sistema partidário brasileiro, reconhece que Itamar terá mais autonomia do que o governador Eduardo Azeredo (PSDB) e não só em relação ao governo federal. Ele também teria condições de adotar uma posição mais independente em relação ao PMDB, do qual não é um “membro orgânico”. Em 1986, para disputar o governo contra Newton Cardoso – agora seu vice -, Itamar saiu do PMDB e entrou no PL. Ele só voltou ao partido no ano passado, para candidatar-se.

“Acho que ele vai ter problemas demais em Minas para sair tentando articular qualquer coisa por aí afora”, ponderou Ranulfo. Dos 77 deputados estaduais eleitos em Minas, 46 apoiaram a candidatura de Azeredo. Mas o coordenador político de Itamar, Aloísio Vasconcelos, disse ao Estado que será possível reverter o quadro e formar uma maioria favorável ao governo na Assembléia Legislativa, ainda que “apertada”. O cientista político Carlos Ranulfo concorda: “Maioria na Assembléia adquire-se…”


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