Auditores ‘adotam’ municípios para controlar gastos

Em 1999, 20 ex-moradores de Ribeirão Bonito criaram uma organização não-governamental para fomentar o desenvolvimento da pequena cidade de 12 mil habitantes, 270 quilômetros a oeste de São Paulo.

 

 

Logo perceberam que antes teriam de remover um obstáculo: a corrupção incrustada na prefeitura. Reunindo suas expertises – entre eles estavam o auditor e consultor Antoninho Marmo Trevisan e o empresário Josmar Verillo, além de advogados e outros profissionais -, os Amigos Associados de Ribeirão Bonito (Amarribo) colheram provas e mobilizaram a população para destituir o prefeito Antonio Buzzá. Conseguiram.

Em março de 2003, a Amarribo publicou uma cartilha sobre como fiscalizar – e, se preciso, cassar – um prefeito. O exemplo se espalhou. Segundo Lizete Verillo, diretora de combate à corrupção, 52 ONGs foram formadas nesses dois anos. Inspirada nessa experiência, a União dos Auditores Federais de Controle Externo (Auditar) está lançando a campanha Adote um Município. A idéia é estimular servidores das áreas de controle, fiscalização e investigação a se dedicarem voluntariamente a monitorar as contas de um município de sua escolha.

“Num universo tão grande de municípios, se não houver a participação efetiva dos cidadãos, não vamos conseguir um controle eficiente”, diz Henrique Ziller, presidente da Auditar. “Nós, da área de controle, sabemos que não damos conta.” O Tribunal de Contas da União tem 2.100 auditores.

A iniciativa é apoiada também por funcionários da Controladoria-Geral da União, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal. Os servidores pretendem realizar uma “caravana” pelas cidades onde o movimento criou novas ONGs – cinco, até agora -, para mostrar às autoridades locais que a iniciativa tem respaldo de policiais, auditores e investigadores. “Queremos criar um clima de inibição da corrupção”, espera Ziller. 

 

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