FHC chega à Suécia e defende apoio à Argentina

ESTOCOLMO — O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem à noite, ao desembarcar em Estocolmo, que vai conversar com os países do Grupo dos Sete mais ricos do mundo, o G-7

 

“Sobre a necessidade de dar apoio mais efetivo aos esforços que a Argentina já começou a desenvolver”. Fernando Henrique citou as negociações entre as províncias e o governo central para o corte de gastos públicos, “uma matéria delicada”, como prova de que “eles estão dispostos a avançar”.

“Avançando a Argentina, é preciso também que os países ricos e o Fundo Monetário Internacional tenham uma atitude mais aberta, não fiquem colocando exigências que a Argentina não possa vir a cumprir”, enfatizou o presidente. “À medida que a Argentina for retomando sua atividade econômica, então se pode discutir com mais profundidade os mecanismos de equilíbrio fiscal, etc. No momento é preciso que a economia argentina se reanime. E ela não vai se reanimar se não houver um forte apoio internacional.”

O Airbus da TAM fretado pela Presidência pousou à 0h15 de hoje em Estocolmo (20h15 de ontem em Brasília), sob um frio de 4 graus negativos. O presidente veio acompanhado da primeira-dama, Ruth Cardoso, do chanceler Celso Lafer, do ex-ministro da Fazenda e da Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira e dos deputados José Carlos Aleluia e Francisco Rodrigues. Bresser Pereira é o representante do Brasil nos encontros sobre a “governança progressista”, corrente social-democrata que busca uma terceira via, conjugando o livre mercado com as preocupações sociais.

O presidente participa hoje no fim da tarde e durante o dia de amanhã de reunião de cúpula de 13 chefes de Estado e de governo social-democratas, incluindo Alemanha, França, Inglaterra, Portugal, Chile e Canadá. No domingo, segue para a Polônia e, na terça-feira, para a Eslováquia, voltando na quarta-feira para Brasília.

Juros — Em rápida entrevista na pista do Aeroporto de Arlanda, Fernando Henrique respondeu com “tomara, né?” à pergunta sobre se a redução da taxa básica de juros, em 0,25 ponto porcentual, na quarta-feira, indicava uma tendência. Referindo-se ao Conselho de Política Monetária (Copom), o presidente acrescentou que “eles não tomariam essa decisão se não tivessem sentido sinais positivos na economia brasileira e sobretudo no que diz respeito ao controle da inflação”.

Ele procurou afastar qualquer vinculação com as eleições deste ano, garantindo que a decisão foi tomada “de maneira absolutamente independente de qualquer ingerência política” e com base em números. “Sempre que seja possível baixar juros, ora, todos os brasileiros desejam isso e eu também.” Quanto à saída, ontem, do ministro da Saúde, José Serra, o presidente ressaltou que “isso é uma decisão dele”, lembrando que o prazo de desincompatibilização dos candidatos termina no dia 5 de abril. “Mas acredito que estava na hora de ele se dedicar à campanha.”

Fernando Henrique desmentiu espontaneamente os rumores de que o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, pudesse ocupar o Ministério da Previdência, com a saída do ministro Roberto Brandt, do PFL, para disputar as eleições em Minas. “Eu tenho o maior reconhecimento pelo trabalho dele (Everardo), e, se fosse o caso, seria uma alegria que fosse meu ministro”, disse o presidente. “Mas não houve convite nenhum. Escolha de ministério é decisão minha.” 


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