FHC evita dar pistas sobre saída de Gregori

LIMA — O presidente Fernando Henrique Cardoso não desmentiu nem confirmou os rumores de saída do ministro da Justiça, José Gregori, numa eventual reacomodação política da equipe.

 

 “Não confirmo nada”, disse, em entrevista no jardim da residência do embaixador do Brasil em Lima, José Viegas Filho. “Isso é com o Itamaraty”, brincou, respondendo à pergunta sobre se Gregori assumiria o cargo de embaixador em Lisboa. “A articulação política está azeitada”, acrescentou, referindo-se a supostas mudanças na área.

Fernando Henrique desembarcou ontem às 12h50 (14h50 em Brasília) em Lima, com o chanceler Celso Lafer, e assiste hoje à posse do presidente eleito do Peru, Alejandro Toledo, voltando ao Brasil à tarde. Na entrevista ele disse que ainda não está definida a questão da mudança da legislação para assegurar poder de polícia às Forças Armadas. E salientou que, pela Constituição, qualquer dos três Poderes pode pedir o emprego das Forças Armadas em caso de ruptura da ordem interna.

Mas disse que há divergências na interpretação da lei quanto ao poder de polícia — de prender pessoas. E lembrou que até hoje militares que atuaram nos morros do Rio há dez anos sofrem processos na Justiça. “Não seria justo que, além de serem deslocados para atuar, eles fossem processados.”

Ele considerou “mal colocada” a idéia de criar uma guarda nacional para atuar em casos de distúrbio da ordem, como os motins das polícias, em vez de convocar as Forças Armadas. “Mas a polícia de um Estado entrar noutro Estado é complicado. Quem manda? Quem autoriza?”, perguntou, acrescentando que o tema é complexo e não se resolve numa reunião. “O que não podemos aceitar é a quebra da hierarquia, a rebeldia”, disse, enfatizando que as paralisações das polícias “não são greves, mas motins.”

A “suspeita” manifesta ontem pelo presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de que o Brasil estaria negociando com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a privatização de Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica foi recebida com ironia: “Isso deve estar no programa de governo dele. No meu, não.” Fernando Henrique explicou que nunca se falou em cifras ou prazos de nova ajuda do FMI. “É para acompanhar a situação na eventualidade de”, afirmou, sem explicitar de que. “O que vale é o aval do FMI de que a economia está saudável”.

No fim da tarde, Fernando Henrique reuniu-se com os presidentes dos países do Mercosul — Argentina, Uruguai e Paraguai — para discutir as reduções da Tarifa Externa Comum promovidas pelos três países nas últimas semanas. Ele explicou que não discutiria a crise argentina com o presidente Fernando de la Rúa porque é “questão interna”. De la Rúa afirmou apenas que iam discutir formas de “impulsionar o Mercosul”. O presidente chileno, Ricardo Lagos, participou do encontro. 


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