Parte do dinheiro foi transferida para empresa fantasma

Depósitos no valor de R$ 1,6 milhão foram feitos na conta da Realty Investimentos

 

LONDRINA – Parte dos R$ 3,4 milhões depositados no dia 27 de maio em empresas de Curitiba e Londrina em seguida à autodissolução da CPI da Sercomtel na Assembléia Legislativa foi transferida para empresa-fantasma de São Paulo, conforme documentos de posse do Ministério Público aos quais o Estado teve acesso. No dia 1º de junho, três depósitos no valor total de R$ 1,6 milhão (ver ao lado fac-símile de um deles) foram feitos na conta da Realty Investimentos e Participações.

O registro da empresa indica 1% de participação para o consultor de investimentos Márcio Luchesi, que atuava em São Paulo, e 99% para a empresa uruguaia Norgrend Sociedad Anónima. O endereço da Realty no cadastro bancário é falso. O número não existe na rua indicada. Como comprovação de endereço, Luchesi forneceu conta de televisão a cabo com outro endereço, o residencial – e o Banco Meridional aceitou.

Luchesi mudou-se há cerca de um ano desse endereço. O Estado localizou seu advogado, Marco Antonio Carvalho, que afirmou que o cliente está morando em Minas Gerais e lhe telefona uma vez por semana. Carvalho disse que não sabia da existência da Realty nem do esquema de Londrina, mas prometeu consultar o cliente e voltar a falar com o Estado. Não voltou a atender as chamadas do jornal.

No endereço da Norgrend em Montevidéu, funciona o escritório de representação Doldan & Amarelli. Mauro Guillen, advogado do escritório, disse ao Estado que não tinha conhecimento da existência da Norgrend, prometeu verificar e também não atendeu mais as chamadas do jornal. Segundo uma fonte em Montevidéu, a Doldan & Amarelli se dedica a “criar empresas” para operações que se beneficiam do rígido sigilo bancário no Uruguai.

A promotoria em Londrina também dispõe de comprovantes de depósitos no valor de quase R$ 2 milhões na conta da empresa Sistema, de Curitiba, em nome do empresário Cláudio José Mena Barreto Jr. O empresário seria uma das pontes entre o esquema de Londrina e Curitiba e aparece em várias outras transações. O Estado localizou o advogado do empresário, Ronaldo Botelho, que forneceu o número do celular do cliente, com promessa de entrevista. Mas o celular estava desligado e Mena Barreto não respondeu as mensagens deixadas na caixa postal.


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