Projeto é da Universidade Potiguar

PITANGUI, Rio Grande do Norte – O empreendimento não é ambicioso apenas pela sua dimensão física.

Ele faz parte de um arrojado projeto educativo da Universidade Potiguar, que tem três campi em Natal, com 28 cursos de graduação (para 11 mil alunos) e 32 de pós-graduação (2 mil alunos), e pertencente ao empresário local Paulo de Paula.

Quando o projeto começou a ser implantado, há uma década, o distrito de Pitangui só tinha escola de 1º grau. A empresa abriu em 1990 uma escola gratuita de 2º grau para 350 alunos da região. Há dois anos, o colégio foi transformado em escola técnica de turismo. “Não há na comunidade alguém que não tenha filho, sobrinho ou afilhado estudando com a gente”, orgulha-se Aristeu Martins Júnior, diretor do projeto.

Hoje, 175 estudantes formados na Escola das Dunas estão fazendo curso superior na Universidade Potiguar – não necessariamente turismo e hotelaria, mas o que escolherem, entre odontologia, engenharia, arquitetura, direito, economia, etc. –, com bolsa integral.

“Isso está mudando o perfil da comunidade”, diz Martins. “Já há os que se formaram e estão dando aula na Escola das Dunas.” Mais de 60 moradores da região também já fizeram cursos rápidos de garçom, cozinheiro, camareira, padeiro, de inglês, espanhol, etc.

“Estamos pensando lá na frente”, empolga-se Martins, um arquiteto de Mogi das Cruzes (SP) que trabalha no projeto desde o seu início, em 1989. A comunidade de Pitangui, com 3 mil habitantes, e seus arredores, são tratados pelo grupo como parte do empreendimento: um capital humano que, quanto mais bem formado, mais valioso.

“Ou você expulsa a comunidade ou a agrega ao projeto”, ensina Martins. “Nós a transformamos em nossa âncora.” Com a seguinte meta: “O grande diferencial de qualquer equipamento que será implantado aqui será a qualidade de serviço.”

Como há previsão de início de obras este ano, a escola está treinando carpinteiros, eletricistas, encanadores, pedreiros e armadores. Os cerca de 30 empregados na lagoa são todos da comunidade. Antes, a atividade principal era a pesca de subsistência.

Os departamentos da universidade em cada área forneceram suporte ao projeto com pesquisas e conceitos gerais. As empresas especializadas deram o arremate: a Ernst & Young cuidou da consolidação da primeira fase; a BSH fez o estudo mercadológico; a EDSA e Ecoplan, ambas de Fort Lauderdale (Flórida), o primeiro master plan conceitual e o projeto paisagístico, respectivamente; a JMP, o anteprojeto do campo de golfo, e assim por diante.

Pitangui é quase um campus avançado da universidade. Os estudantes prestam assistência à comunidade carente e na área são realizadas pesquisas e ministrados cursos de educação ambiental. “Essa região é laboratório e futuro mercado para nossos estudantes”, observa Martins. O plano diretor de Pitangui, por exemplo, foi feito por alunos da universidade.

A área abriga 95 hectares de Mata Atlântica. Um dos projetos em execução é o de fixação das dunas. São colocadas palhas de coqueiro e, entre elas, plantadas leguminosas nativas, para evitar que as dunas avancem sobre a Mata Atlântica, estradas e casas. As dunas que não apresentam riscos continuarão móveis.

Com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do governo federal, será montada uma usina de compostagem de lixo. Ao mesmo tempo, está sendo feito um trabalho de conscientização da comunidade sobre a importância da reciclagem. A usina deverá tornar-se auto-sustentável. Vai transformar, por exemplo, lixo orgânico em adubo, destinado às hortas comunitárias e ao paisagismo.

“Não é que sejamos empresários bonzinhos”, analisa Martins. “Somos empreendedores com visão contemporânea de desenvolvimento sustentável.”

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