‘Quem tem interesse em chegar à verdade?’, pergunta viúva

A psicanalista Roseana Garcia descreve sua desilusão com a polícia e os políticos

 

“O que não achei nesses quatro anos foi a verdade, nem na polícia nem nos políticos”, diz Roseana, de 49 anos, que estuda as origens da agressividade, num doutorado na PUC de São Paulo. “Estou muito desiludida.”

Sem saber exatamente quem matou seu marido, e com policiais e bandidos possivelmente envolvidos no crime soltos em Campinas, a viúva de Toninho do PT não se sente segura na cidade, e mudou-se para São Paulo.

Roseana não vê relação entre a morte de seu marido e a de Celso Daniel, o prefeito de Santo André, em janeiro de 2002. “Antonio não admitia a corrupção. Foi por isso que ele morreu”, compara Roseana, referindo-se à conclusão dos promotores de Santo André, de que Daniel tolerava a cobrança de propina para o PT, mas foi morto quando tentou coibir o desvio do dinheiro para fins pessoais dos arrecadadores.

“Não serei leviana de dizer que essas pessoas mataram meu marido, mas Antonio contrariou interesses que estamos vendo hoje que eram interesses que o PT tinha, de construir caixa 2 com bingo, com contratos de lixo”, constata Roseana quanto ao atual escândalo na esfera federal. “Por isso que é duro. Quando você não tem uma boa investigação, como Antonio contrariou muita gente, pairam dúvidas sobre muita gente.”

Ela diz que já não sabe mais a quem recorrer. “Fico pensando: quem tem interesse em chegar à verdade?”, pergunta. “Em que guichê vou protocolar o meu pedido? Todos estão fechados.” 


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