Uma visita ao que restou do Carandiru

Alunos de duas escolas vão conhecer amanhã o que foi a maior prisão da América Latina

 

Durante três dias, funcionários de vários presídios do Estado percorreram os corredores dos sete pavilhões de celas da Casa de Detenção do Complexo do Carandiru, zona norte, à cata de objetos – sobretudo portas, grades, janelas, sanitários e pias – que pudessem servir para suas respectivas instituições. Máquinas e homens quebravam paredes para arrancar grades pesando centenas de quilos. Essa busca no meio dos vestígios do que foi a maior prisão da América Latina – desativada no domingo – praticamente acabou ontem.

Agora, a Detenção se prepara para receber visitantes que queiram aprender com suas histórias – a mais famosa delas o massacre de 1992 – e ter uma idéia do que significa o confinamento numa cadeia. Duas escolas inauguram as visitas amanhã, às 14 horas. A partir do sábado, a Detenção estará aberta à visitação, das 10 às 16 horas. A entrada é franca e monitores das Secretarias da Cultura e da Administração Penitenciária guiarão os visitantes. A visitação se estende por outubro. Só depois serão implodidos os pavilhões, para dar lugar a um parque.

Com o trabalho de limpeza iniciado ontem, os visitantes não verão a Detenção como foi deixada pelos seus milhares de ocupantes. O cenário, no início da semana, era o de terra arrasada. Os detentos deixaram a maior parte de seus objetos: roupas, calçados, utensílios domésticos, comida, livros, anotações e até cartas nunca enviadas. Essas coisas estavam espalhadas e reviradas nas celas, enquanto o pó das paredes e pisos quebrados se acumulava nos corredores e escadas.

De acordo com o agente penitenciário Paulo Braga, é costume dos presos deixar para trás suas coisas quando são removidos, muitas vezes por acharem que elas lhes deram azar ou para esquecerem os momentos vividos ali. Cada detento saiu com uma trouxa contendo os objetos que quis levar para seus novos destinos – presídios e distritos policiais espalhados pelo

 

Estado. Os televisores e rádios, trazidos por familiares, com controle de nota fiscal, para evitar que fossem vendidos dentro da prisão, foram devolvidos aos parentes. Mas havia alguns espatifados no pátio e nos corredores.

 

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