Eleitor chileno detesta ser mesário e atrasa votação

Formação das mesas é uma das etapas mais difíceis das eleições no país

 

SANTIAGO – A constituição de mesas é sempre um ritual dramático nas eleições chilenas. Muitos dos cidadãos que são convocados a compor as mesas não comparecem. Para completá-las, os mesários convocam os primeiros das filas. Como muitos não querem passar o dia inteiro numa seção eleitoral, apresentam desculpas para não ajudar, como analfabetismo, trabalho ou viagem. Outros aguardam de longe a constituição da mesa para entrar na fila – alguns discretamente, até mesmo escondidos atrás de árvores.

O voto é obrigatório no Chile e a multa pelo não-comparecimento de registrados pode chegar ao equivalente a R$ 300. Desde a instituição do voto feminino, em 1949, homens e mulheres votam em locais separados.

Nas seções para homens, só pode haver mesários e nas das mulheres, mesárias. Como as mulheres enfrentam mais dificuldades para passar o dia inteiro numa seção, deixando filhos, casa, etc., a constituição das mesas femininas é ainda mais lenta.

A partir das 6 horas, o horário de início da votação varia em cada mesa, dependendo do momento em que se complete o número de mesários. Uma vez constituída a mesa, ela deve ficar aberta durante nove horas. Só então a urna pode ser aberta para a apuração dos votos.

Assim, a demora na constituição das mesas causa atrasos no trabalho de projeções dos resultados das eleições. Daí a ansiedade dos políticos e da imprensa. Às 9h27, o subsecretário do Interior, Guillermo Pickering, anunciou que 86,52% das mesas haviam sido constituídas e, finalmente às 11h40, 99,85%. O ritmo foi considerado rápido em relação a anos anteriores. As primeiras urnas foram abertas por volta das 16 horas.

A eleição, custodiada pelas Forças Armadas, transcorreu em clima bastante tranqüilo. A campanha estava proibida desde zero hora de sexta-feira. Com ajuda das administrações regionais, os partidos retiraram os cartazes e outdoors, que ontem já não eram vistos nas ruas das principais cidades do país. Bandeiras, cartazes e panfletos não surgiram nem nas imediações das seções eleitorais dos principais candidatos.

 

Quando Ricardo Lagos e Joaquín Lavín compareceram a seus respectivos locais de votação, os simpatizantes se limitaram a gritar um slogan, por sinal o mesmo, mudando apenas o nome do candidato: “Se sente, se sente, (Lagos ou Lavín) presidente.”

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