General alerta para atentado contra Pinochet

SANTIAGO – Oficiais do Exército chileno saíram ontem em defesa de seu líder máximo, o general Augusto Pinochet, há mais de dois meses submetido a intenso bombardeio político.

Pinochet, que deve entregar o comando do Exército e assumir uma cadeira de senador vitalício no início da semana que vem, tem sido alvo de ações na Justiça, propostas no Senado, manifestações de rua e denúncias sobre seu papel no período da repressão.

Mas a reação pública dos militares é bem mais sutil. O general da reserva Ernesto Videla foi destacado para fazer um alerta acerca de um possível atentado dos terroristas da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR) para matar Pinochet. Videla, que como analista militar tem bom trânsito na imprensa, escolheu fazer a denúncia a El Mercurio, o único dos grandes jornais chilenos que se poderia rotular de “pró-militar”.

“Todas as evidências existentes foram postas oportunamente à disposição dos organismos correspondentes”, afirmou o general. O vice-ministro do Interior, Belisario Velasco, reagiu ontem mesmo, explicando que essas evidências foram entregues ao Exército e à polícia. “Ao Ministério do Interior não cabe negar nem confirmar um atentado, porque não é um organismo investigador nem conta com recursos para isso”, esquivou-se Velasco.

Na entrevista a El Mercurio, o general da reserva limitou-se a expor a lógica por trás do suposto complô da FPMR. “Neste momento, vive-se uma situação muito delicada no país, com o mesmo cenário de 1986”, disse Videla, lembrando o atentado contra a comitiva do então presidente Pinochet, do qual o ditador escapou por pouco. A situação delicada a que se refere o general da reserva é a animosidade contra Pinochet, às vésperas de seu ingresso no Senado, quando obterá imunidade parlamentar.

A advertência coincide com uma denúncia do senador Jorge Lavandero, do partido governista Democracia Cristã, contra um decreto de janeiro do presidente Eduardo Frei, garantindo proteção dos carabineros para ex-presidentes e ex-comandantes das Forças Armadas – ambos os casos de Pinochet. O senador, um dos líderes do movimento contra o ingresso de Pinochet no Senado, afirma que o decreto é “inconstitucional”.

Fontes do Exército citadas pelo Mercurio confirmaram que “existe preocupação com o ambiente criado em torno do general Pinochet, que tornaria propício um atentado contra ele”. Além disso, segundo o general Videla, intensificaram-se recentemente os assaltos atribuídos à FPMR para arrecadar fundos para a operação.

 

E mais: o Exército informa que um terço de um arsenal, supostamente de 80 toneladas, desembarcado em Carrizal Bajo, na época do atentado de 1986, nunca foi encontrado e ainda deve estar com a FPMR.

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