Avião antidroga com 5 americanos cai na Colômbia

Aparelho, ocupado também por 2 colombianos, sobrevoava plantações de coca, papoula e maconha quando sumiu

 

BOGOTÁ – Patrulhas de resgate da Força Aérea e da Aeronáutica Civil colombianas localizaram ontem à noite um avião com cinco americanos e dois colombianos a bordo que havia desaparecido pela manhã. Não há informações sobre sobreviventes. “O avião foi localizado próximo ao povoado de San Miguel, no Departamento de Putumayo, no sul do país”, informou o general Rafael Hernández López, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Militares.

O avião, um DH-7, cumpria uma missão de rotina para determinar o lugar e a extensão das chamadas “plantações ilícitas” e sobrevoava cultivos de coca, papoula e maconha quando desapareceu. Ele tinha decolado da base militar de Tolemaida, no centro do país.

De acordo com um comunicado difundido em Washington, o Pentágono confirmou que se trata de um avião militar que realizava tarefa de reconhecimento. Em cumprimento de acordo entre os governos da Colômbia e EUA, americanos colaboram na erradicação dessas lavouras e no treinamento de novos pilotos.

De 1990 até o ano passado, os EUA entregaram à Colômbia cerca de US$ 625 milhões para o combate ao narcotráfico.

Ainda ontem, o governo colombiano parecia a caminho de uma crise política, com uma guerra de palavras entre o protagonista do processo de paz, Víctor G. Ricardo, representante do presidente Andrés Pastrana nas negociações com a guerrilha, e o protagonista do conflito armado, o general Fernando Tapias, comandante das Forças Armadas.

Por trás desse confronto verbal estão as contradições entre as duas vias paralelas percorridas pelo governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): negociações de paz, de um lado, acirramento do conflito armado, de outro. 

Em discurso de abertura do 1.º Fórum Iberoamericano sobre Reforma Agrária e Paz, Víctor G. fez uma apaixonada defesa das negociações com a guerrilha e atacou “os inimigos da paz”, arrematando: “A idéia da paz já criou raízes no país, com o apoio da comunidade internacional, e não vamos permitir que acabem com essa pujança nacional.”

O general Tapias reagiu ainda de manhã, exigindo que Víctor G. “explique quem são os inimigos da paz”.

Ainda em seu discurso, Víctor G. voltou a salientar a relação entre os problemas sociais do país e o conflito armado. “O norte da conciliação é uma política agrária integral, para que cheguem a todos os benefícios do desenvolvimento.”

O Ministro da Reforma Agrária do Brasil, Raul Jungmann, apresentou a experiência brasileira com o Banco da Terra, sistema de créditos para financiar a compra e a produção de pequenas propriedades, alternativo ao modelo tradicional de desapropriação e destinado a evitar os conflitos de terrras que acompanham esse modelo.

 

Falando ao Estado, Jungmann fez uma comparação entre o Movimento dos Sem-Terra e a guerrilha. “O recurso ao conflito armado ocorre em sociedade em que o peso da agricultura é muito forte, não houve a industrialização e coloca-se ainda o problema da posse da terra”, disse o ministro. “O Brasil é altamente industrializado e urbanizado, a sociedade cresceu para fora do rural e por isso temos lá um movimento de massa, não uma guerrilha.” 

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