Fenômeno, ‘La Niña’ tem ascensão vertiginosa

BOGOTÁ — Pontualmente às 7 horas de sábado, um caminhão da Polícia Nacional pára em frente da sede de campanha de Noemí Sanín.

Soldados de uniforme verde-oliva, capacete e fuzil-metralhadora — idênticos ao Exército — fazem a troca de guarda. Aqui está o indício mais palpável da vertiginosa ascensão de Noemí: sua segurança foi triplicada.

Num país considerado machista e violento e onde há mais de um século dois partidos estão acostumados a disputar o poder entre si, Noemí converteu-se num fenômeno, batizado de La Niña. Até o início da semana, em Bogotá, era comum ouvir que Noemí era a melhor candidata, mas sua vez chegaria em 2002.

De quinta-feira para cá, não se ouve mais isso.  

Três pesquisas divulgadas nos últimos dois dias testemunham a inversão climática causada por La Niña, que em um mês subiu, em média, mais de dez pontos. As sondagens lhe dão de 21% a 23,4%. Andrés Pastrana segue na frente, com 38% a 32,2%, dependendo da pesquisa. E Horacio Serpa em segundo, com 31,2% a 26,4%.  

Uma das pesquisas mostra, no entanto, que, se Noemí chegar ao segundo turno, vence qualquer um dos candidatos. Para isso, ela teria até hoje para consolidar a tendência de ascensão e ultrapassar Serpa. Noemí pode não consegui-lo, mas já deixou sua marca.

Não que seja uma outsider ou uma independente pura: foi filiada ao Partido Conservador e chanceler do presidente liberal César Gaviria (1990-94). Dizem que Gaviria deve à capacidade de articulação de Noemí o cargo de secretário-geral da Organização dos Estados Americanos.

Ninguém se tem preocupado em esconder o encanto por Noemí — nem os entrevistadores nem Pastrana nem Serpa. Entretanto, da parte dos políticos adversários, a simpatia vem revestida de um certo paternalismo. No esforço de ser levada a sério, Noemí tem dito que vai “vestir as calças”, expressão popular que significa agir com a firmeza de um homem.  

 

Na capital colombiana, assim como em Cali, Noemí já ultrapassou Serpa nas pesquisas. A grande batalha será nas cidades menores e na zona rural, onde as máquinas do governo e dos partidos costumam falar mais alto.  

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