Governo rejeita a tese que relaciona pobreza à violência

Programas sociais estão entre as ações oficiais para evitar que ex-rebeldes se tornem marginais

 

BOGOTÁ – A estratégia do governo colombiano para pôr fim ao conflito armado está fincada num tripé. Há o processo de paz; há a contra-insurgência das Forças Armadas e da polícia; e há os programas sociais. Fruto da visão segundo a qual a violência na Colômbia está vinculada à exclusão política e econômica, esse tipo de intervenção é gerido pela Rede de Solidariedade Social da Presidência da República. Seu gerente-geral, Fernando Medellín, não vê uma relação direta entre pobreza e violência. Prefere achar que a violência tem sua especificidade, para além dos problemas socioeconômicos.

“As chamadas condições objetivas não têm relação causal muito direta com a violência”, avaliou Medellín, em entrevista ao Estado. “O fenômeno da violência tem, igualmente, causas subjetivas, tão ou mais fortes que as objetivas.” Assim, ele tem orientado os programas da rede, com orçamento anual de US$ 70 milhões, para reverter a chamada cultura de violência arraigada na Colômbia.

As comunidades estão sendo estimuladas a rejeitar a presença de pessoas armadas e a eleger juízes de paz para resolver pendências, em vez de recorrer a guerrilheiros ou paramilitares. “Se o marido bate na mulher, ela chama um guerrilheiro para puni-lo”, exemplifica Medellín.

 

Não seria o caso de a polícia substituir a guerrilha? “Não podemos pôr um policial em cada esquina”, responde ele. “A segurança se mede não pelo número maior de armas que há nas comunidades, mas pelo menor. Ao lado dos investimentos em saneamento, habitação, educação e saúde, é preciso investir na mudança de cultura”, diz Medellín. “Mais da metade dos guerrilheiros é composta de analfabetos e de crianças.”

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