Missão da OEA atesta lisura da eleição

Segundo o governo, votação só não pôde ser realizada em 11 dos mais de mil municípios

 

BOGOTÁ — A Missão de Observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) reconheceu a lisura da eleição presidencial de domingo, apesar do controle de algumas localidades pela guerrilha, nas quais impediu sua realização, e dos atos de intimidação dos eleitores e de sabotagem da infra-estrutura. “A missão, integrada por 50 observadores colocados em distintos Departamentos (Estados) do país, constatou, no âmbito de sua cobertura, um desenrolar normal da votação, da abertura até o encerramento e contagem dos votos”, afirma comunicado da missão.

O governo colombiano reconheceu que as eleições não puderam ser realizadas em 11 dos 1.097 municípios. Em cinco deles, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) destruíram as cédulas eleitorais. Os outros estão sob controle da guerrilha. A OEA, que teve dois observadores seqüestrados pelo Exército de Libertação Nacional durante 14 dias nas eleições municipais de 1997, só enviou seus integrantes para locais onde o governo colombiano pôde garantir sua segurança.

As eleições parlamentares de março foram marcadas por denúncias de fraude.

Vários candidatos foram dormir como derrotados e amanheceram como vitoriosos, com milhares de novos votos nas urnas. Nem a OEA, que enviara apenas três observadores à Colômbia, nem as investigações do governo chegaram a uma conclusão sobre essas denúncias.

De Washington, o secretário-geral da OEA, César Gaviria, enviou ontem uma declaração efusiva. “Sem dúvida, a presença de Álvaro Uribe na chefia do Estado abre uma época de esperança”, escreveu o ex-presidente colombiano (1990-94), do Partido Liberal. “Ele tem o dom do mando, o respaldo popular e o conhecimento dos problemas da Colômbia.”

 

Entre os observadores da missão da OEA está a brasileira Ana Cristina Borges, gerente de Projetos Especiais do Instituto Telemig Celular, de Belo Horizonte. Ana Cristina, de 34 anos, é uma veterana das missões da OEA: começou no Haiti, em 1995, e já esteve no Suriname, Nicarágua e Venezuela. Ela chegou domingo à noite de Cartagena, capital de Bolívar, e descreveu o clima lá como de “calma tensa”. No sul do Departamento, onde há combates entre o Exército e guerrilha, não houve eleições em quatro muninicípios.

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