Ministro de Wasmosy atribui a vitória colorada à unidade

ASSUNÇÃO – O ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Atilio Fernández, está no olho de vários furacões. Em primeiro lugar, pela pasta que chefia.

 

O Paraguai é visto pelo mundo como o paraíso da pirataria, do contrabando e da triangulação comercial. Além disso, Fernández, como um dos colaboradores mais próximos do presidente Juan Carlos Wasmosy, tem estado na frente de batalha contra os outros dois grupos rivais dentro do Partido Colorado. Uma facção é liderada pelo general Lino César Oviedo, preso por tentativa de golpe, e pelo presidente eleito no domingo, Raúl Cubas. A outra, pelo vice-presidente eleito, Luis María Argaña.

Estado – Depois das eleições, como estão as relações dentro do Partido Colorado entre o seu grupo (do presidente Wasmosy), o de Oviedo e Cubas e o de Argaña?

Atilio Fernández – O partido deve fazer uma autocrítica. Deve buscar a atualização de sua doutrina e a modernização de sua organização; a recriação de um ambiente de unidade, ou pelo menos de concentração interna, para poder vencer as eleições foi verdadeiramente surpreendente.

Estado – O sr. acha que, em curto prazo, podem-se curar as feridas do Partido Colorado?

Fernández – Entendo que vá ser a prioridade dos dirigentes, incluindo o chefe natural do partido, que é o presidente eleito. Agora é um momento muito propício para refazer a agremiação, pois o triunfo deve ser atribuído à unidade obtida na última hora.

Estado – Quais as principais realizações do governo Wasmosy?

Fernández – No campo político, a consolidação da democracia. Ele reorganizou o Judiciário, tornando-o independente. Infelizmente, não foi possível agregar às reformas do Estado um programa de privatização, por falta de um bom relacionamento com o Parlamento, dominado por uma maioria opositora.

Estado – Os industriais paraguaios queixam-se de que a triangulação prejudica a produção. Por que é tão difícil para o Paraguai abandonar esse papel de intermediário?

Fernández – O comércio de triangulação tem significado ingressos vitais à manutenção da administração do país. Sua substituição faz-se justamente com a reconversão de Ciudad del Este, onde o governo incentiva o comércio formal e o turismo. Essa estruturação tem permitido reduzir o comércio triangular.

Estado – Como o sr. vê o papel do Mercosul nesse combate?

Fernández – Acreditamos que a participação mais forte do Paraguai no Mercosul, por meio do crescimento de sua produção industrial, permitirá normalizar totalmente o comércio com os países vizinhos. Os industriais queixam-se com razão, por um lado. Mas, por outro lado, não têm impulsionado a mudança da estrutura industrial. O setor produtivo aqui viveu muito tempo de uma espécie de paternalismo do Estado, com prerrogativas, privilégios e exceções. Agora, a mentalidade do empresariado começa a mudar.

Estado – É comum dizer que é difícil combater a triangulação e o comércio ilícito porque há grupos poderosos, tanto economicamente como politicamente, envolvidos nessas atividades. O que o sr. acha disso?

Fernández – Havia no passado grupos fortes que manejavam o comércio na fronteira. Agora, isso diminuiu bastante.

Estado – Pode-se esperar a participação de membros do atual governo no próximo?

Fernández – É possível. Creio que o presidente eleito deva estar considerando isso, pois a experiência da administração anterior deve servir pelo menos para cargos de assessoria.

Estado – O sr. já foi consultado sobre isso?

Fernández – Ainda não.

Estado – O sr. aceitaria um eventual convite?

 

Fernández – Sim, como não?

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