Pesquisa revela empate técnico no Paraguai

ASSUNÇÃO – Pesquisa obtida com exclusividade pelo Estado, realizada por um grupo independente, prevê a vitória do governista Partido Colorado por apenas dois pontos porcentuais sobre a Aliança Democrática, na eleição presidencial de amanhã. A lei paraguaia proíbe a divulgação de pesquisas de intenção de voto duas semanas antes das eleições.

A pesquisa, obtida sob a condição de manter seus autores no anonimato, indica que os indecisos ainda formavam, esta semana, um contingente de 7%. A diferença entre colorados e “aliancistas” está dentro da margem de erro da amostragem. Ou seja, a pesquisa não permite prever com segurança quem vai ganhar.

 

Em Assunção, segundo a sondagem, o colorado Raúl Cubas e o liberal Domingo Laíno estão empatados.

Colorados e aliancistas seguem realizando suas pesquisas para consumo interno e, como era de esperar, alardeiam vitória. A última pesquisa divulgada por um grupo independente foi a da Universidade Católica de Assunção (UCA), no dia 25. Essa pesquisa dava vitória para a dupla Laíno-Carlos Filizzola, com 44% dos votos, enquanto Cubas-Luis María Argaña teriam 41%. Na anterior, do mesmo grupo, divulgada no dia 15, o ex-candidato colorado Lino César Oviedo – vencedor das prévias do partido em setembro – e seu então vice, Raúl Cubas, venciam por 47% a 41%.

Dois dias depois, a Corte Suprema tornou Oviedo inelegível ao confirmar a sentença de 10 anos de prisão para o general da reserva, condenado por um tribunal militar por liderar tentativa de golpe, em abril de 1996. A vitória de Oviedo era tida como certa. A operação de tirá-lo do páreo foi conduzida pelo próprio presidente Juan Carlos Wasmosy, que já tivera Oviedo como seu comandante das Forças Armadas, mas tornou-se seu arquiinimigo depois da sedição.

Cubas garante que, uma vez eleito, vai indultar imediatamente Oviedo, embora a Constituição paraguaia preveja esse recurso só depois de cumprida metade da sentença. O coordenador de pesquisas da UCA, o professor Carlos Martini, disse ao Estado que, se não fosse pela “estratégia acertada” dos colorados, de afirmar que “votar em Cubas é o mesmo que votar em Oviedo”, o partido, que governa o Paraguai há 51 anos, teria perdido mais eleitores, com a mudança da chapa.

Um grupo de dissidentes colorados desponta como um dos responsáveis por uma eventual vitória da aliança que reúne o Partido Liberal Radical Autêntico e o Partido Encontro Nacional. Trata-se da Causa Colorada, formada por dirigentes e filiados do partido, alguns deles “históricos”, que estão fazendo campanha para os aliancistas. Foram expulsos do partido na quinta-feira, mas prometem recorrer.

 

“Somos a terceira perna da aliança”, disse ao Estado um dos líderes da facção, Miguel Otazú, ex-diretor da Ande, a poderosa estatal da eletricidade. Ele e outros dois dirigentes do movimento, Teodosio Ibarrola e Bartolom Sánchez, garantiram que não são oportunistas nem estão atrás de cargos num governo da aliança. De acordo com os dissidentes, o grupo no poder está vinculado às máfias paraguaias da “triangulação” – o vaivém de produtos na fronteira com o Brasil para evadir impostos -, do contrabando de eletroeletrônicos e uísque e do tráfico de armas e drogas. “Temos de limpar o Partido Colorado”, diz Otazú.

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