Toledo quer proibir a importação de produtos agrícolas

Uma das importações afetadas seria a do milho argentino, que concorre com produção peruana

 

LIMA — O candidato favorito à presidência do Peru, Alejandro Toledo, elevou ontem o tom nacionalista de seus discursos, prometendo proibir a importação de produtos agrícolas. Falando a platéias de agricultores, em dois comícios nas cidades de Pucalpa e Tarapoto, na região central do Peru, Toledo disse que promoverá o consumo de produtos agrícolas nacionais e proibirá as importações dos produtos que concorram com os locais, como arroz, café, cacau, açúcar e milho.

O candidato garantiu que seu governo não será “fechado” nem seguirá o modelo de substituição de importações, mas “primeiro serão os produtos nacionais, depois os importados”. A título de exemplo, Toledo disse que, enquanto o Departamento de San Martín, onde fica Tarapoto, puder produzir arroz, estará proibida sua importação da Tailândia e do Vietnã.

O candidato reconheceu que, para que esses produtos atinjam o mercado nacional a preços competitivos, será necessário novo sistema viário. Ele prometeu terminar uma rodovia e construir duas novas na região. E disse que vai conceder incentivos fiscais na Amazônia peruana para atrair investimentos.

O embaixador do Brasil em Lima, José Viegas Filho, não comentou diretamente as declarações de Toledo, limitando-se a falar genericamente da questão do protecionismo. “Trata-se de expandir o comércio entre os dois países e de apostar na integração como veículo do crescimento, e não no protecionismo”, disse o embaixador ao Estado.

“Entendemos a preocupação com o setor agrário, mas a solução é aumentar a competitividade, não a proteção”, argumentou Viegas Filho. “Além disso, há compromissos internacionais que certamente o Peru quererá cumprir.” Em 2000, o Brasil exportou US$ 353 milhões para o Peru e importou US$ 211 milhões.

Os dez principais itens da pauta brasileira de exportações são produtos industriais. O produto agrícola brasileiro mais exportado para o Peru é o açúcar, que não atingiu US$ 6 milhões no ano passado. Já a Argentina seria mais afetada. Seu principal produto de exportação para o Peru é o milho, que superou os US$ 50 milhões em 2000. O trigo veio em segundo lugar, com US$ 47 milhões.

 

De acordo com a última pesquisa de intenção de voto, divulgada ontem pelo instituto Datum, associado ao Gallup, o candidato populista teria 35% dos votos no primeiro turno, no dia 8, seguido pela democrata-cristã Lourdes Flores, com 23%, e pelo ex-presidente Alan García, de centro-esquerda, com 17%.

Deixe o seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*