Toledo reúne-se com Paniagua e estabelece bases da transição

Integrantes de comissões e subcomissões serão anunciados na sexta-feira

 

LIMA — O presidente eleito do Peru, Alejandro Toledo, estabeleceu ontem com o presidente Valentín Paniagua as bases da transição até a sua posse, dia 28 de julho. Será formada uma “comissão de transferência” do poder, com subcomissões dedicadas às diversas áreas de governo. Toledo e Paniagua anunciarão na sexta-feira os nomes dos respectivos representantes na comissão e os dois também continuarão se reunindo regularmente.

Será uma transição dentro da transição, já que Paniagua, então presidente do Congresso, assumiu o cargo em novembro, depois da renúncia e destituição de Alberto Fujimori, com a missão de organizar eleições limpas. Em sua primeira entrevista coletiva no palácio do governo, depois da reunião de uma hora com Paniagua, no início da tarde de ontem, o presidente eleito elogiou o desempenho do presidente na realização das eleições, cujo resultado não sofreu contestação, em contraste com o escrutínio do ano passado, quando Fujimori derrotou Toledo sob suspeitas de fraude.

Criou-se uma expectativa em torno da composição da comissão de transferência, porque poderá se tornar o primeiro indício de como será o futuro gabinete. O único nome confirmado é o de Pedro Pablo Kuczynski, chefe da equipe econômica de campanha de Toledo.

O economista, conhecido pela comunidade internacional por ter participado do governo de Fernando Belaúnde Terry no início dos anos 80 e por ter trabalhado no Fundo Monetário Internacional, é um dos principais responsáveis pela reação favorável do mercado à vitória de Toledo. Depois de registrar a maior alta do ano na segunda-feira, com 3,71%, a Bolsa de Valores de Lima seguia subindo 2,97% ontem. O dólar continuava caindo ante o sol e os títulos da dívida peruana, em alta.

O presidente eleito disse, no entanto, que ainda não está definido se Kuczynski será ministro da Economia ou se assumirá outra pasta. Quanto a outros nomes, foi ainda mais lacônico. Indagado sobre se o chanceler Javier Pérez de Cuellar seria mantido no cargo, Toledo disse que ainda não havia falado pessoalmente com ele. Pérez de Cuellar deve voltar hoje de San José da Costa Rica, onde participou da Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Toledo disse também que não descarta a possibilidade de seu rival no segundo turno, Alan García, ocupar um cargo em seu governo. Ao reconhecer a derrota, na noite de domingo, García ofereceu sua colaboração a Toledo, assegurando que não queria nenhum cargo, nem de ministro nem de embaixador. De acordo com Toledo, ele e García poderiam “trabalhar juntos” em temas nos quais coincidem, como o da descentralização da administração.

Outro ex-candidato que também deve exercer um papel no novo governo é Fernando Olivera, quarto colocado no primeiro turno, com 10% dos votos.

Olivera era deputado no ano passado, quando comprou, por US$ 100 mil, o primeiro da série de “vladivideos”, no qual o ex-chefe do serviço secreto Vladimiro Montesinos era visto subornando um deputado da oposição.

 

Toledo tem garantida a maioria absoluta no Congresso, mas gostaria de ampliar ao máximo sua base de apoio político. Seu partido, o Peru Possível, elegeu 45 deputados e Toledo deve ter o apoio de outros 19, no Congresso unicameral de 120 cadeiras.

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