Brasil assina com Suriname acordo de imigração

Garimpos de ouro atraem cerca de 15 mil brasileiros, a maioria ilegal

 

PARAMARIBO

O chanceler Celso Amorim assinou, ontem, com o governo do Suriname um 

tratado de extradição e um acordo provisório de regularização dos imigrantes, válido por um ano. Num encontro num hotel de Paramaribo que atraiu oito ministros surinameses – “praticamente uma reunião de gabinete”, entusiasmou-se Amorim –, o chanceler também levou adiante uma idéia de 

“cooperação” na área de informações colhidas pelo Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). 

O tema, explorado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Runaldo Ronald Venetiaan, em julho de 2003, é espinhoso. O homem forte no Suriname até a eleição de Venetiaan em 2000, Desi Bouterse, que hoje comanda uma bancada representando 10% do Parlamento, tem contra si um mandado de prisão da Interpol por suspeita de envolvimento em narcotráfico, lavagem de 

dinheiro e formação de quadrilha. Se deixasse o país, seria preso. O ex-presidente do Banco Central e o ex-comandante da polícia em seu governo são réus no mesmo processo. 

Durante entrevista coletiva, o Estado perguntou à chanceler Maria Levens que garantias o governo surinamês daria ao Brasil de que as informações do Sivam não cairiam em mãos erradas. “É uma questão de confiança”, respondeu a chanceler. “Neste momento, não temos criminosos em nosso governo. Claro que estamos muito seguros de que essas informações não serão dadas para gente de fora do governo.” 

ILEGAIS 

Amorim reconheceu que o acordo sobre imigração não é uma solução final para o problema dos milhares de brasileiros que vivem ilegalmente no Suriname, atraídos pelos garimpos de ouro no país. “Mas dá tranqüilidade por um ano. Temos de negociar um acordo definitivo para proteger os brasileiros, respeitando a soberania do Suriname.” Um grupo permanente de “cooperação 

consular” levará adiante as negociações.

Os brasileiros em Paramaribo se queixam de que há muitos presos no Suriname por violação das leis de imigração, que não conseguem deixar a prisão e voltar ao Brasil porque o país não os deporta. Eles precisam ter o dinheiro da passagem de volta. Maria Levens não soube informar quantos brasileiros estão presos no Suriname. 

 

Amorim, que estava afônico ontem, após participar da reunião do Mercosul em Ouro Preto (MG) na semana passada e de visitar Porto Príncipe (Haiti) na segunda-feira, veio também preparar a visita de Lula a Paramaribo, em 16 de fevereiro, na reunião de cúpula da Comunidade Caribenha . Será a primeira visita de um presidente brasileiro ao país desde 1989. Depois do acordo de livre comércio com a Comunidade Andina, faltam o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa (possessão da França) para completar uma futura área de livre comércio da América do Sul, ambição do governo Lula.

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