Chávez intensifica campanha pelo ‘sim’

Presidente participa de passeata em Caracas pró-reeleição ilimitada

 

CARACAS

O presidente Hugo Chávez encerrou ontem a campanha em favor da emenda constitucional que introduz a reeleição ilimitada com um apelo em forma de prognóstico: “O ‘sim’ deve ganhar por nocaute”, anunciou ele, referindo-se ao referendo de domingo. Chávez disse ter recebido pesquisas na noite de quarta-feira que indicam sua vitória, sem dar detalhes, porque a lei não permite sua divulgação nas vésperas da votação. 

“A partir de 15 de fevereiro, só o povo colocará e tirará governos”, celebrou o presidente, no cargo há dez anos. “A de domingo será a vitória perfeita”, previu Chávez, derrotado por 50,71% a 49,29% noutro referendo com o mesmo intuito, em dezembro de 2007. “Domingo vocês vão decidir meu destino político, e se saberá se Hugo Chávez fica ou vai’, dramatizou o presidente, que disse que falaria pouco e discursou por 1h40. “Minha vida é de vocês. Façam com ela o que vocês quiserem.”

Dezenas de milhares de pessoas tingiram de vermelho as avenidas do centro de Caracas para apoiar a emenda constitucional. A maioria trazia camisetas, bonés, coletes e bandeiras indicando que trabalham para algum órgão ou programa social do governo ou estudam em escolas públicas.

Na Torre Ministerial, que abriga os ministérios da Comunicação e Informação, da Educação Superior e da Ciência e Tecnologia, funcionários desciam os elevadores carregando fardos de camisetas vermelhas e de panfletos defendendo o “sim” no referendo. Motociclistas circulavam entre os manifestantes com distintivos, ao estilo FBI, do Ministério da Participação e Proteção Social. A manifestação coincidiu com o Dia da Juventude na Venezuela, onde o movimento estudantil tem tido um papel central na resistência ao regime.

“Apoio Chávez porque sua política busca beneficiar os menos favorecidos”, disse o advogado Henry Ardila, de 28 anos, funcionário da PDVAL, unidade da estatal petrolífera PDVSA que distribui alimentos subsidiados com recursos do petróleo. A falta de alternância no poder não incomoda Ardila: “A única forma de garantir a continuidade é manter o mesmo indivíduo no governo.”

Como faz periodicamente, Chávez denunciou na noite de quarta-feira mais uma tentativa de golpe. O presidente afirmou que foram detidos “alguns militares ativos”, vinculados a um “militar prófugo nos Estados Unidos”, envolvidos numa chamada “Operação Independência”. Segundo ele, “estão tentando infiltrar o palácio presidencial de Miraflores, mandando mensagens a unidades militares localizadas em alguns Estados onde governa a oposição”. Não deu mais detalhes.

Chávez aproveitou o comício para garantir que seu governo não teve nada a ver com o assalto e profanação à sinagoga de Maripérez, em Caracas, no dia 31. O chanceler Nicolás Maduro reuniu-se com líderes da comunidade judaica para assegurar o respaldo do governo às investigações. Onze pessoas foram detidas, incluindo oito policiais. 

 

Pela manhã, Chávez condecorou com a Ordem Libertador Simón Bolívar os jogadores da seleção sub-20, por se terem classificado pela primeira vez na história venezuelana para disputar o mundial no Egito. “Vão com esse fervor pátrio por cima de qualquer circunstância, que os resultados serão sublimes”, enalteceu Chávez, chamando-os de “heróis nacionais”.

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