Oposição pede que venezuelanos votem

Para convencer eleitores a optar contra a reeleição ilimitada, políticos e empresários asseguram que voto é inviolável

 

CARACAS

A poucos dias do referendo no qual o presidente Hugo Chávez tentará mais uma vez assegurar o direito de reeleger-se indefinidamente, a oposição luta contra um velho fantasma: o medo dos venezuelanos de serem flagrados votando contra o governo. Políticos e empresários fazem apelos para que os eleitores contrários à emenda constitucional compareçam às urnas, e procuram tranquilizar sobretudo os funcionários públicos, reiterando que o sigilo do voto é inviolável.

“O voto é secreto”, garantiu ontem Miguel Otero, presidente do Movimento 2D – Democracia e Liberdade, durante um evento no Colégio de Advogados de Carabobo, no norte do país. “Em setores do governo, tem sido dito aos trabalhadores que dependem do Estado que vão saber como votaram e que vão perder seus empregos”, continuou o líder oposicionista, lembrando que há 4 milhões de funcionários públicos entre os 17 milhões de eleitores venezuelanos. “Mas isso é falso. Não existe nenhuma possibilidade de averiguar por que opção votou cada eleitor.”

A ideia de que o governo podia violar o sigilo do voto difundiu-se em 2004, quando circularam listas de votação e denúncias de perseguição a funcionários que votaram a favor da revogação do mandato de Chávez. Em 2005, a oposição retirou-se das eleições parlamentares, alegando que o sigilo não era inviolável. Com isso, Chávez obteve apoio unânime na Assembléia Nacional. O sistema de votação foi aperfeiçoado, e a oposição deu-se conta de que as suspeitas sobre ele a prejudicavam mais do que ajudavam.

 

A Fedecámaras, principal entidade empresarial do país, também fez ontem um apelo para que os eleitores compareçam no domingo. Os empresários se comprometeram a facilitar a saída de quem estiver trabalhando no dia para ir votar. Chávez governa a Venezuela há dez anos e seu atual mandato, o segundo sob a Constituição aprovada em 1999, termina em 2012. No referendo de dezembro de 2007, a reforma constitucional, que também introduzia a reeleição indefinida, foi rejeitada por 50,71% a 49,29%. As últimas pesquisas, feitas por quatro institutos diferentes, dão a vitória do “sim” no domingo, por diferentes margens.

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