Vídeos de reféns podem ajudar Chávez

Para analista, divulgação de provas de vida deverá ser vista como fruto do esforço de mediação do líder venezuelano

 

CARACAS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que os três homens presos na Colômbia iam entregar as provas de vida que ele havia pedido para levar adiante a mediação para a libertação de reféns nas mãos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). “Agora os chamam de terroristas”, disse Chávez, referindo-se ao governo colombiano, e à sua decisão de pôr fim à sua mediação. “Eles não têm nenhuma consideração pela vida dos outros.”

O aparecimento das provas de vida dos reféns pode favorecer Chávez no referendo de amanhã sobre a reforma constitucional, estima Luis Vicente León, diretor do Datanalisis, o principal instituto de pesquisas da Venezuela. “Em princípio, não deveria ser nada impactante”, disse León ao Estado. “Mas tudo soma e ajuda Chávez a dizer que estava fazendo a sua parte para libertar os reféns.”

“Lembre-se que os ataques a Uribe têm sido vantajosos para Chávez, porque ele busca aglutinar um importante grupo de chavistas que não gostam da reforma constitucional”, prosseguiu o pesquisador. “Ele busca algo importante que os una.” Na visão de León, “fica claro que Chávez tinha razão” na briga com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. “Ele saiu da mediação porque é incontrolável do ponto de vista diplomático, não porque não estava conseguindo fazê-la.”

Uribe pôs fim à mediação de Chávez no dia 21, depois que o presidente venezuelano telefonou para o comandante do Exército da Colômbia, general Mario Montoya, por intermédio da senadora colombiana Piedad Córdoba, que também participava das negociações com as Farc. Chávez voltava de uma reunião com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que também atua na mediação, por causa da ex-candidata a presidente da Colômbia Ingrid Betancourt, que tem nacionalidade francesa. Sarkozy cobrou de Chávez as prometidas provas de vida dos reféns.

Naquela noite, sem saber que tinha sido retirado das negociações, Chávez se vangloriou de seu papel de mediador, num discurso a 50 mil simpatizantes. Uribe disse que havia negado permissão para Chávez falar diretamente com o comandante. Chávez desmentiu essa versão, e alegou que Uribe cedeu a pressões do governo americano, ao perceber que ele ia conseguir a liberação de alguns reféns já no início deste mês. 

 

Numa escalada sem precedentes nas relações entre os dois presidentes, que nunca foram muito boas, Uribe acusou Chávez de não estar preocupado com a vida dos reféns, mas de apoiar o “terrorismo” e de ter um projeto “expansionista”. Chávez, por sua vez, chamou-o de “peão do imperialismo norte-americano” e jurou não ter mais relações com o governo colombiano enquanto Uribe, cujo mandato vai até 2010, for presidente.

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