Oásis na rota da seda, cidade lembra Afeganistão

Algumas partes de Kashgar lembram tanto o Afeganistão e o Paquistão que o filme O Caçador de Pipas, ambientado nesses dois países, foi filmado na cidade chinesa.

KASHGAR, China – Em Kashgar está a maior mesquita da China, Id Kah, e o mausoléu de Abakh Khoja, o maior líder político e religioso dos uigures, que viveu no século 17. Como que para contrabalançar, a cidade ostenta uma gigantesca estátua de 18 metros de Mao Tsetung, o líder comunista que reprimiu ferozmente todas as manifestações religiosas na China.

Chamada de Kashi pelos chineses, Kashgar, um oásis por onde passava a Rota da Seda, tem sido historicamente uma confluência de civilizações. Mas a principal disputa pelo seu controle, assim como de toda a região de Xinjiang, deu-se entre chineses e turcos, já a partir do século 7º, na época da Dinastia Tang. Nesse período, os chineses se uniram aos uigures, cuja língua é de origem túrquica (como o tajique e o quirguiz), para derrotar os turcos. Mas perderam o controle da região para os tibetanos – outros velhos rivais dos chineses. O domínio passou de mão em mão diversas vezes em cada século.

Os uigures se converteram ao Islã no fim do século 10, e reinaram até 1120, quando foram invadidos por outra tribo túrquica, Kara-Khitai, por sua vez derrotada pelo imperador mongol Genghis Khan em 1219. Os chineses retomaram o controle só em 1759, durante a Dinastia Qing. Cem anos depois, uma revolta de uigures e huis – também muçulmanos – acabou temporariamente com o controle chinês. Seu líder, Yakub Beg, tinha o apoio de ingleses e russos, que aparentemente queriam dividir Xinjiang entre si. Com a morte de Yakub Beg em 1877, a região voltou para o controle chinês.

Quando passou por Kashgar de volta da Índia, onde foi buscar manuscritos budistas, Xuan Zang observou muitos mosteiros budistas. Já Marco Polo visitou a cidade em torno de 1273 e notou a presença de igrejas cristãs.

Pelo censo de 2000, Xinjiang tinha 18 milhões de habitantes, dos quais 45% eram uigures e 40%, hans, seguidos pelos casaques, huis, quirguizes, mongóis e outros grupos.

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