FHC diz que aliança tem ‘vários candidatos’

Repórter da TV eslovaca perguntou se é verdade que Serra não é muito popular

BRATISLAVA – O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que há “vários candidatos” na aliança que apóia seu governo e que, antes de pensar nas pesquisas de intenção de votos, é preciso apresentar as idéias à população e ver o que acontece quando a campanha começar oficialmente. A declaração foi feita em Bratislava, durante encontro com o presidente da Eslováquia, Rudolf Schuster.

Depois de Fernando Henrique plantar uma árvore no jardim do palácio presidencial, no início da noite, uma repórter da televisão eslovaca perguntou, em inglês, se de fato o candidato dele à Presidência, José Serra, não era muito popular. “Você disse que eu tenho um candidato”, começou. “Estamos só começando a campanha eleitoral. Na verdade, vai começar em agosto. Temos de esperar.”

“Eu tenho… vários candidatos pertencem à minha coalizão. O candidato do meu partido agora está crescendo em popularidade. O importante, agora, é ter idéias claras para explicar à população. Depois, veremos a questão da popularidade”, finalizou o presidente. Mais tarde, em entrevista ao lado de Schuster, os jornalistas brasileiros pediram que ele esclarecesse o que quis dizer. Fernando Henrique respondeu que tem dez meses de governo e não pode se preocupar com eleição.

Segundo ele, os jornalistas gostam de antecipar o assunto, mas a população só toma decisões durante o horário eleitoral gratuito, um mês e meio antes das eleições. “O presidente vai ficar olhando de camarote.”

Diante da insistência para que explicasse por que havia “vários” candidatos da aliança, ele acrescentou: “A coligação que apóia o governo é ampla. Dois se apresentaram pré-candidatos e todos dirigentes dos dois partidos que apresentaram pré-candidatos ainda discutem aliança. Ainda há outros partidos que não sei nem se terão candidatos ou não, de modo que temos de ir devagar com o andor, que o santo é de barro.”

 

COPÉRNICO

Fernando Henrique desembarcou no fim da tarde de ontem na capital eslovaca vindo de Cracóvia, a cidade do Sul da Polônia onde o papa João Paulo II foi cardeal. Lá, recebeu o título de doutor honoris causa e a medalha dos 600 anos da Universidade Jaguelônica, fundada em 1364, e onde estudou Copérnico, cientista que demonstrou que era a Terra gira em torno do sol, não o contrário, como então se acreditava.

Em entrevista enquanto caminhava pela Praça do Mercado, que data de 1257, o presidente comentou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) terá de ajudar a Argentina quando o país definir o que fazer. Mas ponderou: “A Argentina está fazendo um esforço para se reorganizar e claro que não adianta, em certas circunstâncias, dar recursos, não se sabe ainda para o quê.”

Fernando Henrique também respondeu a uma pergunta sobre se, desta vez, estava informado de algum aumento iminente da gasolina. Ele explicou que, com a liberação das importações do produto no Brasil, o preço vai subir e descer de acordo com o câmbio e os preços internacionais, e o importante é explicar os motivos.

“Acho que isso não precisava ser feito a cada instante. Naquele momento, não era eu que não tinha sido informado, era o povo brasileiro”, disse, referindo-se ao recente mal-entendido com o Ministério das Minas e Energia.

Fernando Henrique embarca hoje para o Brasil, ao meio-dia (8 horas de Brasília).

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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