Sarkozy amplia vantagem em pesquisas e sofre ataques da rival

Ségolène adverte para o risco de ‘violência e ruptura social’ no caso da provável vitória do direitista

PARIS – A dois dias do segundo turno da eleição presidencial, que se realiza amanhã, as pesquisas de opinião aumentaram ontem a vantagem do candidato direitista Nicolas Sarkozy sobre sua adversária socialista, Ségolène Royal. A diferença agora, segundo as sondagens dos principais institutos de pesquisa, vai de 8 a 9 pontos, quando no início da semana estava entre 4 e 6.

Pesquisa do instituto TNS Sofres atribui 54,5% dos votos válidos a Sarkozy e 45,5% a Ségolène. Já o instituto Ipsos prevê 54% para o candidato de direita e 46% para a socialista. “É difícil imaginar que a tendência se reverta”, disse Brice Teinturier, vice-diretor do TNS Sofres. Até assessores de Ségolène admitiram que a situação é delicada. “Tenho dito que, se a diferença fosse de mais de cinco pontos, o segundo turno seria difícil”, comentou Julien Dray, da equipe da deputada.

Os dados são coerentes com as pesquisas segundo as quais a maioria dos eleitores considerou que Sarkozy foi mais convincente no debate realizado na noite de quarta-feira. De acordo com uma nova sondagem, divulgada ontem pelo TNS Sofres, 44% dos telespectadores consideraram que Sarkozy se saiu melhor, enquanto 35% acham que foi Ségolène. Além disso, 3% declararam que o debate os fez mudar de idéia.

Conforme se avolumavam as más notícias, Ségolène se insurgiu contra as pesquisas, dizendo que elas não eram de confiança, e elevou o tom de suas acusações ao adversário. “É minha responsabilidade hoje alertar as pessoas sobre o risco da candidatura dele em relação à violência e à brutalidade que se desencadearia no país”, declarou ontem a candidata, durante uma viagem pela região Bretanha, noroeste do país. “O candidato da direita é um perigo para a unidade da República, para a paz social, para os serviços públicos.”

Sarkozy, normalmente agitado e ferino, reagiu com a placidez adotada nos últimos dias. “Tenho dito à madame Royal que a política deve ser feita dentro do respeito, da tolerância, da união, da mão estendida e do apaziguamento”, disse o ex-ministro do Interior, durante visita ao Plateau des Glières, no sudeste do país, cenário de heróica batalha da resistência francesa durante a 2.ª Guerra Mundial. “Vejo que ela termina na violência, numa certa forma de febrilidade. A França merece outra coisa. Quando ouço suas declarações, me digo, por que uma mulher dessa qualidade carrega sentimentos tão violentos?”

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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