História de Charles e Diana acaba em rock

Musical sobre casamento de conto de fadas e separação deve estrear em Londres até o fim do ano

LONDRES – A saga do príncipe Charles e da princesa Diana vai se transformar num musical de rock Já estão em andamento as negociações com uma produtora para montar Charles e Diana: uma Ópera Rock, num teatro de Londres, ainda este ano. O musical mostra o relacionamento de Charles e Diana do “casamento de conto de fadas” até a separação, e o amor do príncipe por Camilla Parker-Bowles, que acaba de se divorciar.

“Certamente não será um retrato leviano”, diz o autor do musical, Tim Hawkins, que ainda está em fase de criação com o compositor John Kelham. “Nós nunca daríamos uma abordagem sensacionalista”, afirma Hawkins. Na verdade, é difícil saber, pois se trata de uma equipe desconhecida, e os detalhes da peça são guardados a sete chaves. Sobre o tratamento que dará à história, Hawkins se limita a dizer que “a saga de Di, Charles e Camilla tem todos os elementos de uma tragédia shakespeariana mais todos os ingredientes de um dramalhão”.

A julgar por seu diário, Charles parecia pensar da mesma forma por volta de 1986, quando constatou que seu casamento estava “irremediavelmente perdido”. “Sinto hoje em dia que estou numa espécie de jaula, andando de lá para cá e ansiando pela liberdade”, confidenciou, segundo sua biografia autorizada, escrita pelo jornalista Jonathan Dimbleby. “Como é terrível a incompatibilidade… Tem todos os ingredientes de uma tragédia grega. Como pude errar tanto?”

Entre as 20 músicas está uma canção de amor interpretada pela personagem de Camilla, por quem o príncipe se apaixonou aos 22 anos, em 1970, e teve flagrantes recaídas no curso de seu desastroso casamento com Diana. Também serão lembradas as gravações de conversas comprometedoras em telefones celulares de Diana com o major James Hewitt, com quem teria tido um caso de cinco anos, e de Charles com Camilla. Entre as mais notórias está a que se refere ao suposto desejo de Charles de ser um absorvente higiênico.

“Muita gente pode pensar que o tema é de mau gosto, mas não há nenhuma tentativa de assumir um lado ou o outro”, afirma o autor da peça. “A questão da peça é o modo como o espírito humano lida com as coisas, e há muitos momentos felizes.” Hawkins diz que o musical mostra, por exemplo, a fase em que Diana e Charles iam bem.

O musical vai descrever também o drama do irmão de Charles, o príncipe Andrew, separado há três anos de Sarah Ferguson. “Em alguns momentos Diana e Fergie estão próximas”, diz o autor, referindo-se à duquesa de York, hoje um completo pária da família real. Além de ser acusada de se referir a ela como “os imbecis”, Sarah chocou os ingleses com fotos tiradas à distância em agosto de 1992, aparecendo muito à vontade numa praia de Saint Tropez, na França, com seu “assessor financeiro”, John Bryan.

Andrew expôs sua melancolia numa entrevista em setembro do ano passado à emissora de TV ITN. Em sua cabine de comando do caçaminas HMS Cottesmore, o duque de York, cercado de fotos de Sarah e das duas filhas, reclamava da solidão do mar. Consta que Fergie desistiu de Andrew por causa de suas longas missões na Marinha.

Segundo o biógrafo Jonathan Dimbleby, Camilla desistiu de Charles e resolveu se casar com o hoje general Andrew Parker-Bowles durante um extenso cruzeiro do jovem herdeiro da coroa, em que o príncipe se lançou aos prazeres da vida de marinheiro. Charles e o irmão Andrew perderam os grandes amores de suas vidas por causa do mar. O tema seria perfeito para um fado.

Há uma expectativa natural sobre como o herdeiro da coroa britânica será retratado. Se o modo como ele próprio se vê for levado em conta, aqui vai uma dica. Na semana passada, Charles admitiu o que muitos de seus súditos diziam pelas costas. Numa palestra sobre sua paixão por jardinagem, o príncipe se declarou “esquisito” e “maluco”.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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