Regime resiste em prisão símbolo na Líbia

Forças rebeldes não conseguem capturar o complexo carcerário e o bairro a seu redor

TRÍPOLI – Os combatentes rebeldes e as brigadas e mercenários leais ao ditador Muamar Kadafi continuaram ontem em intensas batalhas na disputa pelo controle dos pontos mais estratégicos de Trípoli, enquanto os oposicionistas consolidavam o domínio sobre a capital e seus arredores. O centro da luta se deslocou para a prisão de Abu Salim, para onde Kadafi enviava seus inimigos para serem encarcelados infenidamente, torturados ou fuzilados.

Combatentes armados com fuzis e peças de artilharia montadas sobre a carroceria de caminhonetes cercaram o complexo carcerário, que abriga a Guarda Popular, um dos muitos tentáculos de defesa do regime. De lá de dentro foram disparados foguetes Grad contra Bab al-Azizia, o quartel-general de Kadafi, tomado pelos rebeldes na noite de terça-feira. Abu Salim fica a apenas 2 km de distância do quartel-general.

Baterias de foguetes instaladas no parque do zoológico de Trípoli também alvejaram o complexo que antes abrigava o ditador e suas forças de elite. Bandeiras verdes, símbolo do regime, ainda estavam hasteadas no parque. Franco-atiradores disparavam ontem do parque e de várias outras áreas da cidade, causando tiroteios esporádicos.

Houve confrontos também na estrada que liga Trípoli ao aeroporto. Os rebeldes especulavam ontem que as forças de Kadafi estavam tentando retomar o controle da estrada e do próprio aeroporto para garantir a fuga do ditador. Há a informação não confirmada da existência de um túnel para o aeroporto.

O paradeiro de Kadafi é ignorado. Numa declaração gravada e transmitida por uma emissora de rádio que o apoia – a rádio e TV estatais foram tiradas do ar pelos rebeldes -, o ditador contou que fez um ” giro ” por Trípoli, disfarçado, e que ” não sentiu que a cidade estava em perigo “. Kadafi afirmou que sua retirada de Bab al-Azizia foi um ” movimento tático ” e prometeu lutar até a morte. Ele convocou ainda os moradores de Trípoli a ” limpar a cidade dos demônios e traidores “.

O Conselho Nacional de Transição (CNT), a liderança rebelde, ofereceu anista e recompensa para quem colaborar na captura de Kadafi. O presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, disse em entrevista coletiva em Benghazi que um empresário não identificado havia oferecido US$ 1,3 milhão de recompensa. Segundo Jalil, ” qualquer pessoa do círculo íntimo dele que mate ou o capture terá anistia ou perdão para qualquer crime que tenha cometido “.

As forças rebeldes avançaram ontem em direção a Sirte, a cidade natal de Kadafi e reduto do regime. De lá têm sido disparados foguetes Scud contra Misrata, controlada pelos rebeldes.

Publicado no Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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