Bairro pobre de Teerã respalda presidente

O bairro de Shahr Ray, no sul de Teerã, é famoso por fornecer grande parte dos voluntários da milícia Basiji, que percorre as ruas impondo a observação estrita do uso do véu, a proibição do namoro nas ruas e de todo comportamento considerado antiislâmico.

TEERÃ – Nessa região pobre e conservadora da cidade, o voto é maciçamente destinado ao presidente Mahmud Ahmadinejad, ele mesmo um ex-basiji. “O povo precisa de Ahmadinejad”, disse Reza Youssef Vand, de 22 anos, que trabalha em um supermercado do bairro. “Nos últimos 30 anos, os outros governantes não fizeram nada pelo povo. Só ele é que pode fazer.” Vand enumerou os feitos do presidente: o lançamento do primeiro satélite iraniano, Omid; ter trazido “a riqueza do petróleo” para as casas dos iranianos; o fortalecimento da polícia, na repressão aos criminosos; e o combate aos corruptos.

A noção de que Ahmadinejad foi o único bom governante atravessa as gerações. “Todos os outros foram ladrões e corruptos”, diz Golam Hossein Kermani, de 72 anos. “Ele enfrentou (o ex-presidente Ali Akbar Hashemi) Rafsanjani e mostrou que ele é corrupto.” Além disso, interpreta Kermani, Ahmadinejad foi à Assembléia-Geral da ONU e disse: “Vocês são todos racistas. Todos trabalham para Israel.”

Duas mulheres que não quiseram identificar-se contaram que seus filhos, de 20 a 30 anos de idade, receberam cada um o equivalente a R$ 13 mil em créditos para reparar suas casas e fazer melhorias em suas pequenas propriedades, na zona rural. “Deus ajude o presidente”, agradeceram elas, saindo da seção eleitoral do Santuário de Shazde Abdul Azim Hassani, um grande complexo que atrai os fiéis às sextas-feiras.

Viúva e mãe de cinco garotas pequenas, Massume, de 44 anos, que não quis dizer seu sobrenome, contou que recebe R$ 140 por mês em ajuda do governo. “Gosto de Ahmadinejad porque ele cumpriu suas promessas”, disse o metalúrgico Bahman Sheikh, de 23 anos. “Eu estava desempregado, e no governo dele arranjei emprego numa fábrica.” 

“Neste mundo, não se pode dizer que alguém é perfeito”, disse outra eleitora de Ahmadinejad, de 55 anos, que não quis identificar-se, como as outras vestindo chador – que cobre da cabeça aos pés – preto. À pergunta sobre por que vota nele, ela respondeu: “O Islã é a coisa mais importante para todo muçulmano.”

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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