Irã ameaça com ataques suicidas

País teria 40 mil ‘mártires’ prontos para agir nos EUA, Grã-Bretanha e Israel, segundo versões que circularam ontem

TEERÃ – O governo iraniano não comentou ontem notícias de recrutamento maciço de voluntários para atentados suicidas contra os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e Israel. Segundo duas versões diferentes, do jornal londrino The Sunday Times e da agência de notícias Reuters, estaria havendo preparativos para uma onda de represálias a um eventual ataque americano.

Citando como fonte “funcionários iranianos”, o Sunday Times informou que 40 mil voluntários já estariam prontos para a ação. O jornal afirma que haveria uma unidade de voluntários na Guarda Revolucionária, uma das forças armadas iraquianas, e que eles teriam sido vistos pela primeira vez num desfile militar no mês passado, com fardas verde-oliva, explosivos atados à cintura e segurando detonadores.

De acordo com o jornal, o diretor do Centro para Estudos Estratégicos Doutrinários, Hassan Abassi, teria dito, num discurso, que 29 alvos no Ocidente já foram identificados. “Estamos prontos para atacar pontos sensíveis americanos e britânicos se eles atacarem as instalações nucleares do Irã”, teria dito o especialista.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou, na terça-feira, que o país começou a enriquecer urânio, em caráter experimental, para fins pacíficos. A idéia é atingir escala industrial até o fim do ano. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não está convencida do caráter exclusivamente pacífico do programa. O Conselho de Segurança da ONU deu ao Irã prazo de um mês, que expira no dia 28, para suspender o programa. O governo americano não descarta uma ação militar para impedir o Irã de levá-lo adiante.

Mohammad Ali Samadi, porta-voz do Comitê para a Comemoração dos Mártires da Campanha Islâmica Global, disse à Reuters que o grupo registrou, nos últimos dias, cerca de 200 voluntários para atentados a bomba. “Por causa das ameaças, começamos a registrar mais voluntários desde sexta-feira.” Samadi afirmou à agência que, desde a criação do grupo, em 2004, 52 mil pessoas teriam sido recrutadas para participar de atentados.

Mas o porta-voz do comitê, que afirma não ter ligação com o governo iraniano, negou que a Guarda Revolucionária esteja envolvida em ataques suicidas. “Somos o único grupo de busca de martírio no Irã.” Não há notícias de participação direta de iranianos em atentados suicidas. Mas o Irã apóia grupos como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas, que executam esses atentados.

Normalmente pouco acessíveis, as autoridades iranianas estavam fora de alcance ontem, por causa do feriado de aniversário do nascimento do profeta Maomé.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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