Chegam à Síria os primeiros refugiados de guerra

14 iraquianos são levados ao campo de El-Hol, onde há 340 tendas montadas

AMÃ – Os primeiros refugiados da guerra no Iraque apareceram ontem na fronteira com a Síria. Catorze iraquianos chegaram ao posto fronteiriço de Al-Yarubiyah, a noroeste de Mossul, no norte do Iraque. Foram levados para o campo de refugiados de El-Hol, na Síria. A informação foi dada por Peter Kessler, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), na coletiva diária concedida pelas agências da ONU em Amã.

Segundo Kessler, já foram montadas 340 tendas em El-Hol, com capacidade para 5 mil pessoas. O campo tem comida, água, lençóis, colchões e fogões. De resto, a situação em todas as fronteiras do Iraque é tranqüila.

A novidade no acampamento de Ruweished, do lado jordaniano da fronteira, foi a chegada, do Iraque, de oito “escudos humanos” voluntários sul-africanos, que serão enviados de volta para seu país. Há cerca de cem pessoas de “terceiras nações” – a maioria do Sudão, Mali e Eritréia – aguardando transporte para seguirem para seus países.

Também há 18 palestinos cujo caso está sendo estudado. Segundo o primeiro-ministro da Jordânia, Ali Abul Ragheb, 12 deles têm passaporte iraquiano e outros seis, egípcio. Para Ragheb, tecnicamente, eles não são refugiados e são um problema do Iraque e do Egito, respectivamente. “É a primeira vez na história que impedimos a entrada de iraquianos”, salientou o primeiro-ministro.

Aqueles que entrarem como refugiados terão de ficar no acampamento de Ruweished até o fim do conflito para depois voltarem para o Iraque. A Jordânia já abriga um número estimado de 250 mil iraquianos – numa população de 5,3 milhões, composta de 65% de palestinos – e não quer ver esse número subir.

Feridos – Funcionários do Comitê Internacional da Cruz Vermelha contaram cerca de cem feridos nos hospitais de Bagdá. David Windhurst, do Escritório de Coordenação Humanitária da ONU no Iraque, não soube informar a proporção de civis e militares nem quantas pessoas foram mortas nos ataques.

Os iraquianos ainda têm reservas de alimentos para quatro a seis semanas, apesar da interrupção do programa “Petróleo por Comida”, conduzido pela ONU, do qual 60% da população, ou 16 milhões, dependem para sobreviver. Para o caso de o conflito se alongar, o Programa Mundial de Alimentos (WFP) já tem armazenadas 80 toneladas de biscoitos altamente energéticos no Kuwait. O plano de contingência prevê a estocagem de 160 toneladas, suficientes para 100 mil pessoas durante duas semanas.

Khaled Mansour, porta-voz do WFP, admitiu que o porto de Umm Qasr, na fronteira Iraque-Kuwait, que os americanos dizem estar tentando controlar também para operações humanitárias, pode se tornar um dos pontos de passagem de suprimentos, se houver condições de segurança.

Segundo os americanos, os iraquianos lançaram minas na entrada do porto. “Pretendemos estabelecer de quatro a cinco corredores, nos diversos países vizinhos”, revelou Mansour.

Publicado no Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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