Combatentes curdos pedem armas para enfrentar EI

Peshmergas recusam tropas estrangeiras: “Somos bons de combate”

KHAZAR, Iraque – Os peshmergas, combatentes curdos, esperam ansiosamente enquanto os Estados Unidos e alguns países europeus se mobilizam para enviar-lhes armas. “Não queremos tropas estrangeiras aqui. Somos bons de combate. Só precisamos de armas para enfrentar o Estado Islâmico”, disseram eles ao repórter do Estado na linha de frente do conflito, 40 km ao norte de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano. Eles admitiram, no entanto, que os bombardeios americanos já fizeram uma grande diferença, reequilibrando a luta, que se tornara muito desigual depois que os jihadistas tomaram armas sofisticadas do Exército iraquiano em Mossul, a segunda maior cidade do Iraque.

Ao longo da estrada que liga Erbil à zona de combate, ao norte do vilarejo de Khazar, o repórter viu muitas caminhonetes dos peshmergas indo e voltando, algumas com modestos canhões montados sobre suas cabines e carrocerias. A maioria dos soldados curdos ainda porta velhos fuzis AK-47, embora alguns já ostentem fuzis da classe M-4, cedidos pelos americanos. “Muito pouca coisa chegou até agora”, disseram os peshmergas, que pediram para não serem identificados porque não têm autorização para dar entrevistas. Além do apoio aéreo, eles pediram tanques, peças de artilharia e veículos blindados, para lutar de igual para igual com os jihadistas.

“Os bombardeios aéreos têm sido muito importantes”, reconheceram eles. Os peshmergas contaram ter retomado na quinta-feira o vilarejo de Hassan Sham. Disseram ter visto cinco corpos de jihadistas, e quatro ou cinco blindados americanos Humvees destruídos. Não quiseram falar de baixas de seu lado. Alguns bombardeios ocorrem em coordenação com os combatentes curdos, outros são resultado dos voos de reconhecimento constantes dos caças americanos, disseram eles. Embora os jihadistas ocupem vilarejos da região, os aviões só estão bombardeando seus comboios e peças de artilharia, para evitar a morte de civis, afirmaram.

“O Estado Islâmico está evitando se mover, para não ser visto pelos aviões americanos”, observou um peshmerga. “Nós disparamos contra eles, e eles ficam quietos.” Na última trincheira curda, no entanto, os peshmergas mostraram uma casa, a menos de 1 km de distância, da qual na quinta-feira franco-atiradores estavam disparando contra eles.

Depois que a União Europeia decidiu no início da semana liberar seus países para enviar ajuda militar aos peshmergas, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda e República Checa manifestaram disposição de enviar armamentos ou de transportar armas fornecidas por integrantes do bloco. Os Estados Unidos também já estão enviando equipamento, mas em pequena escala. O repórter viu ontem um militar americano transitando por Erbil em uma moto camuflada.

Moradores da cidade disseram ter visto várias cenas desse tipo nos últimos dias. O Pentágono anunciou na terça-feira o envio de 130 fuzileiros navais e membros das forças especiais, que se somaram aos cerca de 300 “consultores militares” já no terreno. Os militares ainda estão avaliando as necessidades dos peshmergas, embora a sua lista de compras esteja na ponta da língua.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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