OLP negocia segurança para palestinos, afirma dirigente

Delegação palestina vai discutir com a Síria situação no Líbano

A Organização de Libertação da Palestina (OLP), que no início do mês foi forçada pelo Exército a abandonar suas bases no sul do Líbano, negocia com o governo libanês direitos políticos para os 350 mil palestinos no país. É o que afirma Jamil Hilal, diretor do Departamento de Informação da OLP em Túnis, sede da organização. Em entrevista ao Estado, Hilal fala da estratégia da OLP no Líbano e das relações com a Síria, que mantém 40 mil soldados no país e apóia facções rivais à OLP.

Estado – Qual será a nova estratégia da OLP no Líbano, depois de perder as bases militares nas áreas de Sidon e Tiro?

Jamil Hilal – Nossa estratégia no Líbano terá como objetivo obter segurança para os campos de refugiados e garantir direitos humanos e políticos para os palestinos no país. Os palestinos não estão no Líbano por acaso, mas como resultado de sua expulsão da terra natal. Portanto, seus direitos devem ser respeitados até que tenhamos um Estado independente. A normalização de relações entre a OLP e o Líbano é um passo necessário para que se encontre uma fórmula combinando a soberania libanesa e a segurança para os palestinos. Para isso, será aberta uma embaixada palestina em Beirute.

Estado – O que será feito com as armas?

Hilal – Serão estocadas pelo Exército libanês e no Vale do Bekaa, sob supervisão da Síria.

Estado – Em que consiste o acordo com o governo libanês?

Hilal – Estamos buscando um acordo à luz das resoluções da Liga Árabe, que defendem a normalização das relações entre os países árabes e a OLP e o respeito aos direitos dos palestinos, inclusive o de se organizar livremente, de trabalhar em igualdade com os outros cidadãos, etc.

Estado – A OLP concordará em abandonar as bases do Vale do Bekaa?

Hilal – A soberania libanesa sobre todo o seu território nunca foi prejudicada pelas bases da OLP. Essas bases eram para exercitarmos nossos direitos como um povo, para lutar contra a ocupação israelense, não contra o governo libanês. Israel ainda ocupa parte do sul do Líbano, e não aceita retirar-se, embora a OLP não esteja mais presente na área.

Estado – Israel afirma que não se retirará porque a OLP mantém todas as suas forças na área.

Hilal – Israel sempre encontrará novas desculpas para manter a ocupação, e não sairá sem pressão internacional, especialmente dos EUA.

Estado – Como estão as relações entre a OLP e a Síria, que sustenta facções palestinas e as operações do Exército libanês?

Hilal – Uma delegação da OLP estará na Síria nos próximos dois ou três dias para discutir a normalização dessas relações. É particularmente necessário agora coordenar as posições frente à conferência de paz proposta pelos EUA. A OLP precisa do apoio da Síria e de outros países árabes para obter a participação de uma delegação palestina na conferência.

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