Ataques a mercado e escola matam 32 palestinos

É a segunda vez que bombardeio atinge escola da ONU que abriga refugiados

JERUSALÉM – Pela segunda vez nos últimos dias, uma escola administrada pela ONU onde se concentravam refugiados foi atingida ontem por fogo de artilharia no conflito entre o grupo islâmico Hamas e o Exército israelense na Faixa de Gaza. Ao menos 15 palestinos foram mortos e 100 ficaram feridos na escola da Agência das Nações Unidas para Alívio e Trabalho (Unrwa, na sigla em inglês).  Outros 17 palestinos morreram e 160 ficaram feridos no ataque a um mercado de rua, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O Egito tenta mediar um acordo de cessar-fogo, até ontem sem sucesso.

Cerca de 3.300 palestinos, incluindo muitas mulheres e crianças que fugiram de áreas sob bombardeio israelense, estavam na escola, em Jabalya, uma área de refugiados no norte da Faixa de Gaza. O chefe da Unrwa, Pierre Krahenbuhl, disse que a “avaliação inicial” da agência é de que artilharia israelense atingiu a escola, depois que seus integrantes examinaram fragmentos e crateras, segundo a agência Reuters. Havia sangue espalhado pelos pisos e colchões das salas de aula da escola primária, dedicada a meninas.

“Exorto a comunidade internacional a adotar ações políticas para pôr fim à continuada carnificina”, disse Krahenbuhl.  Ele afirmou que a agência havia alertado 17 vezes os militares israelenses sobre a presença de milhares de refugiados na escola. O último aviso foi feito horas antes do ataque. De acordo com uma porta-voz militar israelense, combatentes islâmicos dispararam morteiros de uma área vizinha à escola, e as tropas de Israel atiraram de volta. O incidente seria investigado.

A Unrwa anunciou na terça-feira ter encontrado foguetes escondidos em outra escola que fora alvo de ataque, em Gaza. Foi a terceira descoberta desse tipo desde o início da ofensiva israelense, dia 8 de julho. Os combatentes do Hamas misturam-se com a população civil, para proteger-se e aumentar o impacto negativo na opinião pública internacional das incursões israelenses.

Os palestinos atingidos na feira de frutas e verduras de Shejaia, na periferia leste de Gaza, estavam juntos observando um posto de gasolina atingido pegar foto, à distância, segundo testemunhas. O Exército israelense não comentou de imediato o episódio. “Um massacre como esse requer uma resposta do tamanho de um terremoto”, ameaçou o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum.

O Exército israelense informou que três soldados foram mortos na explosão de uma bomba instalada como armadilha em um túnel encontrado por eles em uma casa no sul da Faixa de Gaza.

Ainda segundo os militares israelenses, mais de 50 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra o território de Israel, sem causar danos. Nas emissoras de rádio, a programação é constantemente interrompida para avisar moradores ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza para irem para os abrigos antiaéreos.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 1.323 palestinos, a maioria civis, já foram mortos desde o dia 8. Só ontem, foram 96 mortos. Já do lado israelense foram 56 soldados e 3 civis mortos. 

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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