Líderes de facções palestinas se reúnem no Cairo

Encontro entre presidente da Autoridade Palestina e líder do Hamas termina sem anúncio de medidas concretas

CAIRO  – Seis meses depois do primeiro encontro, em que selaram sua reconciliação, o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, e o líder do Hamas, Khaled Mashal, voltaram a se reunir ontem no Cairo. Mas não conseguiram dar passos concretos rumo à formação de um “governo de união nacional” para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza nem marcaram data para as eleições gerais palestinas, que não se realizam desde 2006 por causa da divisão entre os dois grupos.

Abbas, líder da frente moderada Fatah, que governa a Cisjordânia, e Mashal, cujo grupo fundamentalista controla a Faixa de Gaza, reuniram-se por duas horas. No final, não anunciaram medidas concretas, que segundo eles serão acertadas em novas reuniões dos escalões mais baixos. “O importante para nós é que nos tratamos como parceiros e carregamos a mesma responsabilidade perante nosso povo e nossa causa”, disse Abbas. Já Mashal considerou o encontro “uma nova página” nas relações entre ambos.

De concreto, foi anunciada a decisão de soltar ativistas dos dois grupos presos dos dois lados e o engajamento conjunto na “resistência popular”, como os palestinos chamam manifestações pacíficas contra Israel.

No encontro de maio, ficou acertada a formação de um governo interino de união, composto por técnicos sem filiação ao Fatah nem ao Hamas, e a realização de eleições presidenciais dentro de um ano. Mas os dois grupos não conseguiram chegar a um acordo sobre quem chefiaria o governo. Abbas queria a manutenção do atual primeiro-ministro da AP, Salam Fayyad, rejeitado pelo Hamas por considerá-lo próximo demais ao Ocidente.

O Hamas discorda de posições centrais adotadas pelo Fatah, como a condução de negociações com Israel e o pedido de reconhecimento do Estado palestino pela ONU. Para o movimento islâmico, esses passos não podem ser dados sem a garantia do direito de retorno de mais de 4 milhões de  refugiados palestinos das guerras de 1948 e 1967.
Em Israel, a reação foi imediata: “Quanto mais Abu Mazen (nome de guerra de Abbas) se aproxima do Hamas, mais se distancia da paz”, advertiu Mark Regev, porta-voz do governo israelense.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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