Hillary cobra de Damasco ‘compromisso’ com reformas

Secretária de Estado volta a pressionar Síria a abrir regime, mas evita comparar sistuação com repressão na Líbia

BEIRUTE – A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse ontem que ainda há esperanças de que o regime sírio realize reformas democráticas. Em entrevista à imprensa da Itália, onde participou na véspera de uma conferência de doadores para a Líbia, Hillary fez uma distinção clara entre as expectativas em relação aos regimes do sírio Bashar Assad e do líbio Muamar Kadafi.

“Há profundas preocupações a respeito do que está acontecendo dentro da Síria, e estamos pressionando duramente para que o governo sírio cumpra seu compromisso estabelecido com reformas”, disse a secretária de Estado, segundo trechos da entrevista divulgados pelo Departamento de Estado. “Eles ainda têm um oportunidade de levar adiante um programa de reformas”, continuou Hillary, que chamou de “complexa” a situação na Síria. “Ninguém acreditava que Kadafi faria isso. As pessoas realmente acreditam que há um possível avanço na Síria. Então continuaremos juntos com todos os nossos aliados pressionando muito duro por isso.”

Os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha são questionados no Oriente Médio por causa da diferença de tratamento destinado à Líbia e à Síria. Enquanto intervieram militarmente na Líbia, depois de obterem mandato do Conselho de Segurança da ONU para protegerem os civis, essas potências têm apenas acenado com mais sanções contra a Síria, apesar da violenta repressão contra manifestantes no país, apoiada por tanques, artilharia pesada e veículos blindados. Assim como Assad, Kadafi também prometera reformas.

Em mais uma sexta-feira sangrenta na Síria, pelo menos 30 pessoas morreram ontem nos confrontos entre as forças de segurança e milhares de manifestantes, que saíram às ruas depois das orações do meio-dia do dia do descanso semanal muçulmano. Na televisão e na internet há imagens impressionantes, feitas com celulares, de batalhas campais. Os jornalistas estrangeiros não recebem visto para entrar na Síria e a cobertura tem sido feita de Beirute, por meio de relatos de testemunhas e ativistas de direitos humanos.

De acordo com o Insan, entidade de direitos humanos, pelo menos 16 pessoas foram mortas em Homs, terceira maior cidade, no oeste do país, que segundo relatos foi cercada por tanques do Exército entre quinta-feira e ontem, assim como já havia acontecido no início da semana passada em Deraa, no sul do país. A polícia abriu fogo para dispersar os manifestantes, disse a ativista Najadi Tayara à TV Al-Jazeera. Os manifestantes cantavam: “O povo e o Exército são um só” e “O povo quer derrubar o regime.” Enquanto uma testemunha falava com a emissora, tiros eram ouvidos, assim como pessoas gritando: “Há franco-atiradores nos telhados.”

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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