Síria cerca cidade-símbolo da oposição ao regime Assad

Soldados sírios apoiados por tanques cercaram ontem a cidade de Hama, cenário do massacre de cerca de 20 mil pessoas pelo regime de Hafez Assad, pai do atual ditador Bashar, durante uma rebelião da maioria sunita em 1982.

GAZA – Na véspera, policiais reprimiram com cassetetes a maior manifestação registrada até agora em Aleppo, a maior cidade do país, com 2,3 milhões de habitantes. Pelo menos 18 pessoas foram mortas em várias operações do Exército no sul e no centro da Síria, segundo relatos ouvidos pela Associated Press.

De acordo com o ativista de direitos humanos Mustafa Osso, os soldados estavam ontem prendendo moradores de Hama, no centro da Síria. O jornal estatal Al-Watan noticiou que Assad se reuniu durante 4 horas com um grupo de clérigos de Hama, que pediram que o regime permita o retorno de moradores da cidade, que vivem no exílio desde aquela época. “O presidente Assad aceitou estudar o caso, desde que includa aqueles que são conhecidos como leais à nação”, ressalvou o jornal Al-Watan.

Já em Aleppo os manifestantes reuniram-se no campus universitário da cidade, capital econômica do país e importante destino turístico por causa de sua antiga cidadela e mercado árabe. Testemunhas disseram que cerca de 2 mil manifestantes foram dispersos a golpes de cassetetes. O campus já havia sido cenário de outras manifestações, mas com número menor de pessoas, e rapidamente desfeitas pela polícia.

Segundo grupos de direitos humanos, mais de 750 pessoas foram mortas e milhares detidos. A agência de notícias estatal Sana informou que 100 soldados e policiais foram mortos nos confrontos com “grupos terroristas armados”. A ampla repressão de ontem parece ser um preparativo para esta sexta-feira, dia do descanso semanal muçulmano e da principal oração, ao meio-dia, que representa a única oportunidade que os sírios têm de se reunir em maior número.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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