Separação entre cristãos é um ‘escândalo’, afirma o papa

O papa Bento XVI qualificou ontem de “escândalo as divisões que existem entre os cristãos”, e propôs ao patriarca Bartolomeu I a união entre católicos e ortodoxos para combater o secularismo.

ISTAMBUL – Chamando Istambul de “Constantinopla”, o nome que a cidade tinha sob domínio do império bizantino (até a conquista islâmica de 1453), o papa evocou a união de Pedro e de seu irmão André, os dois apóstolos tidos como fundadores das igrejas católica e ortodoxa, respectivamente.

“Minha presença aqui hoje tem como objetivo renovar nosso compromisso de avançar em direção ao restabelecimento – pela graça de Deus – da comunhão total entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla”, disse Bento XVI, cuja visita ao patriarca coincidiu com o dia de Santo André. As duas igrejas se separaram em 1054. Durante a homilia de uma missa co-celebrada ontem de manhã no patriarcado ortodoxo, Bento XVI lembrou que Jesus chamou os irmãos Pedro e André de “pescadores de homens”. Ele disse que “essa tarefa se torna mais urgente e necessária”, não só “naquelas culturas tocadas apenas marginalmente pela mensagem do Evangelho, mas também em culturas européias profundamente enraizadas na tradição cristã, enfraquecidas pelo processo de secularização”.

O papa recorreu à tese central de sua conferência de setembro na Universidade de Regensburg (Alemanha), que se referia à relação entre o cristianismo e a racionalidade, embora tenha ficado famosa pela menção a Maomé. “Temos de ser profundamente gratos pela herança que emergiu do encontro frutífero entre a mensagem cristã e a cultura helênica”, disse ele. Bartolomeu, líder dos ortodoxos gregos, mas reconhecido pelo Vaticano como primaz de todos 250 milhões de ortodoxos, também rezou pela “restauração da comunhão total” entre as duas igrejas, que “constitui Sua vontade e ordem divinas”. De uma população de 72 milhões de pessoas, há na Turquia 65 mil ortodoxos armênios, 2 mil ortodoxos gregos, 20 mil católicos romanos e 3.500 protestantes.

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