Turquia ‘tem liberdade de culto, não de religião’

Na Turquia, existe liberdade de culto, não de religião. A definição é do padre francês Louis Pelâtre, da Catedral do Espírito Santo, em Istambul, onde o papa Bento XVI rezou ontem sua última missa no país.

ISTAMBUL – “Religião é mais que culto”, disse o padre católico. “Podemos fazer o que quisermos dentro da igreja, mas não temos o direito de nos associar livremente. Somos muito vigiados.”

Na Turquia, existe uma polícia para as minorias. “Segundo eles, é para nos proteger, mas, se fôssemos cidadãos normais, por que isso seria necessário?”, questiona o padre salesiano de 66 anos, na Turquia há 35. “Não temos personalidade jurídica. Não existimos juridicamente, e não temos direito à propriedade. Esse é o maior problema.”

O Estado confisca o patrimônio deixado para as igrejas cristãs pelos fiéis ao morrer. Vários casos foram levados à Corte Européia de Direitos Humanos, que tem obrigado o governo a entregar a herança doada para as igrejas, mas depois de um longo processo.

Outro problema, segundo o padre, é a falta de vocação dos jovens para seguir o sacerdócio. Em geral descendentes de estrangeiros – franceses, italianos, armênios, sírios –, os jovens deixam a Turquia ou não se importam com a religião, e a paróquia é composta predominantemente por gente mais velha.

A igreja estima que haja 25 mil católicos na Turquia. Os ortodoxos armênios somam 65 mil, os ortodoxos gregos, 2 mil, e há ainda 3.500 protestantes. Nas missas dominicais em inglês – para filipinos e outros anglófilos -, costumam vir cerca de 80 fiéis à catedral; nas em francês, cerca de 50.

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