Chacina não foi vingança, mas terrorismo

Atentados aleatórios contra moradores impõem punição coletiva e toque de recolher

O assassinato de 18 pessoas em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, tem sido qualificado pela Secretaria de Segurança Pública e pela imprensa como possível ato de vingança pela morte de um policial e um guarda civil. Mas o conceito não se aplica, porque os alvos não foram as pessoas envolvidas naqueles dois crimes. Os relatos de testemunhas e parentes deixam claro que as vítimas foram escolhidas a esmo. Foi um ato premeditado de punição coletiva, de intimidação e demonstração de força. 

As motivações dos autores desses atentados parecem ter sido:

  1. Descarregar o ódio e aplacar a sensação de insegurança dos grupos que eles representam. Assaltantes têm seguido com disciplina a prática de matar as vítimas dos roubos, quando são identificadas como policiais. Isso gera na classe medo e tensão permanentes.
  2. Provar que eles têm uma capacidade de violência e um poder de fogo maiores que os criminosos, e que não estão sujeitos às restrições de conduta previstas nas leis e determinadas pela hierarquia das corporações.
  3. Impor um toque de recolher nessas áreas, causando nos moradores o medo de sair de casa à noite, de modo a controlar mais facilmente os movimentos dos criminosos.

    Com essas características, esse tipo de ataque aleatório contra uma população civil por um grupo armado e organizado pode ser classificado como um ato terrorista.

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