Hamas ameaça atacar ‘todos os alvos americanos’

‘Estamos na mesma situação dos iraquianos e nunca vamos esquecê-los, diz líder do grupo palestino

 

AMÃ – O grupo terrorista palestino Hamas divulgou ontem um comunicado ameaçando atacar “todos os alvos americanos”.

“Estamos na mesma situação que o povo iraquiano e nunca vamos esquecê-los”, declarou o líder do Hamas, Abdel Aziz al-Rantisi, em entrevista à rede de televisão Al-Jazira, do Catar. “Quem manda nos Estados Unidos são os judeus”, acrescentou. “Nunca os atacamos e eles vieram nos atacar em nossa terra.”

Na quarta-feira, a filial do Hamas no Kuwait anunciou que vai atacar as tropas americanas no emirado. “Eles vão ver coisas que nunca viram na vida”, antecipou um comunicado do grupo palestino.

Na entrevista, Al-Rantisi alertou para os possíveis desdobramentos da guerra no Iraque para os palestinos. “Com certeza estamos preocupados, porque o criminoso Ariel Sharon (primeiro-ministro de Israel) vai aproveitar a situação internacional para atacar e acabar com os palestinos”, afirmou. “Se vierem, estaremos esperando: iremos transformar nossa terra num cemitério para eles”, acrescentou o líder do Hamas, falando de Gaza.

A rede Al-Jazira noticiou que os Estados Unidos teriam oferecido US$ 10 bilhões a Israel para que o país não retalie, em caso de ataque iraquiano.

Na primeira Guerra do Golfo, em 1991, o então primeiro-ministro israelense Yitzhak Shamir, do partido direitista Likud, conseguiu conter o impulso de responder aos mísseis Scud lançados pelo Iraque contra Israel. Shamir atendeu assim a um pedido dos Estados Unidos, que temiam a retirada do apoio de países árabes à coalizão no caso de retaliação israelense.

Desta vez, no entanto, Sharon, também do Likud, já disse que reagirá a um eventual ataque iraquiano.

Os Estados Unidos instalaram baterias antimísseis Patriot na fronteira da Jordânia com o Iraque, para servir de escudo extra contra eventuais mísseis destinados a Israel, além daquelas já existentes em território israelense.

Mapa da estrada – O embaixador da Grã-Bretanha em Amã, Christopher Prentice, reiterou ontem a intenção do seu governo de levar adiante o processo de paz entre palestinos e israelenses.

“Sabemos que a questão-chave de longo prazo para a região é o conflito palestino-israelense”, disse Prentice, em entrevista coletiva. “Vamos perseguir o processo de paz com o mesmo vigor com o qual estamos engajados neste momento na campanha do Iraque.”

“Em hipótese nenhuma se trata de uma cobertura política para o que está ocorrendo no Iraque”, garantiu o embaixador britânico. Segundo Prentice, vai ser anunciado em breve o chamado “mapa da estrada”, uma nova proposta de paz que está em elaboração, da qual “os jordanianos são os principais arquitetos”.

A criação do cargo de primeiro-ministro da Autoridade Palestina e a indicação do líder moderado Mahmoud Abbas (ou Abu Mazen) para o cargo é um passo importante nessa direção, festejou Prentice.

 

Os governos dos Estados Unidos e de Israel impuseram como condição para o relançamento do processo de paz a “renovação” da liderança palestina, rejeitando negociar com o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. 

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