Cortes de investimentos geram polêmica sobre segurança de vôo

Mais preocupante do que a possibilidade de uma grande companhia quebrar é o risco que a redução de gastos das empresas e a penúria do governo podem representar para a segurança de vôo.

 

Num ponto sensível como esse, naturalmente, as opiniões se dividem. De acordo com Antonio Marques Peixoto, da Secretaria de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, os congestionamentos de aviões que se preparam para aterrissar em Congonhas são às vezes causados por falhas nos radares. O controle com radar permite reduzir o espaçamento entre os aviões.

Quando se fica sem radar, é preciso aumentar os intervalos nas filas. O brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, comandante da Aeronáutica, nega que os cortes de verbas afetem a cobertura de radar (clique em entrevista).

Peixoto afirma, também, que “há uma série de investimentos necessários em programas de prevenção e treinamento que, em função da situação financeira, algumas companhias não estão fazendo corretamente e outras nem sequer estão fazendo”.

Já o coordenador da Comissão de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, Ronaldo Jenkins, diz que as companhias só deixaram de fazer o que faziam além da lei. Segundo Jenkins, as empresas reduziram a freqüência de treinamentos em simulador de vôo no exterior, por exemplo, mas compensaram com outros programas realizados aqui.

Peixoto aponta fatores, decorrentes da crise financeira e da concorrência acirrada, que podem afetar o estado de alerta dos pilotos: o excesso de horas de trabalho, o medo de ser demitido e as preocupações pelo atraso de salário.

O Brasil teve um desempenho desastroso em 2001: 3,24 acidentes por milhão de decolagens. Mas a média de 1995 a 2001 foi bem menor: 0,90. A média mundial é de 1,2. Na América do Sul, Caribe e México, é de 3,1, enquanto nos EUA e Canadá é de apenas 0,4, na Europa Ocidental, 0,5 e no Japão, 0,6. 


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