FHC insiste em que é preciso manter aliança

VARSÓVIA – O presidente Fernando Henrique Cardoso insistiu ontem na necessidade de manutenção da aliança na disputa de sua sucessão.

 

À pergunta sobre se outros pré-candidatos à Presidência além de José Serra – Roseana Sarney, por exemplo – também não poderiam representar a continuidade do modelo por ele estabelecido, o presidente disse que acreditava que sim e que, por essa razão, deveria repetir-se a aliança partidária que o elegeu duas vezes.

“É uma questão em aberto”, respondeu Fernando Henrique, durante entrevista coletiva ao lado do presidente polonês, Aleksander Kwasniewski. “Pode ser que haja mais de um candidato que queira seguir no mesmo caminho. Serei o último a dizer ‘não, não siga’. Se o caminho é o mesmo – e aí o meu esforço -, por que não coincidir? Por que não manter a aliança?”

No início da tarde, num discurso, em inglês, de encerramento de um fórum empresarial, o presidente procurou demonstrar a correlação entre estabilidade econômica e ganhos sociais, comparando o Plano Cruzado, do governo José Sarney, com o Plano Real. Segundo ele, o controle momentâneo da inflação pelo Plano Cruzado reduziu de 40% para cerca de 30% a fatia da população abaixo da linha da pobreza – a que ganha US$ 2 per capita por dia. Com a volta da inflação, no entanto, essa fatia voltou para o patamar anterior.

No Plano Real, disse o presidente, a proporção caiu também cerca de 10 pontos porcentuais no primeiro ano, e mais 10 no segundo, estabilizando-se na faixa de 20%, “ainda muito alta”, segundo ele. “Precisamos agora de outras políticas para reduzir a pobreza.”

Mais tarde, na Escola de Economia de Varsóvia, a cerca de 600 professores e alunos, Fernando Henrique comparou o Plano Real com o Plano de Conversibilidade argentino.

FMI – Respondendo à pergunta de um professor sobre o tratamento dispensado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil e à Argentina, o presidente explicou que a diferença básica entre os dois planos é que os argentinos acreditaram que atrelar o peso ao dólar fosse suficiente para garantir a estabilidade, enquanto o governo brasileiro atacou a causa da inflação: o déficit fiscal.

Fernando Henrique recordou que, quando o plano de estabilização foi lançado, em 1993, o FMI não o apoiou. Já no caso argentino, o Fundo apoiou a conversibilidade, e depois viu que era um erro. “Mas os argentinos insistiram”, disse. Na sua opinião, não se pode “transformar um instrumento econômico em objeto sagrado”, nem “ser fundamentalista em economia”.

Outro professor quis saber o que ele acha do fato de, nos últimos 20 anos, a Polônia, “excessivamente regulada”, ter ficado estacionada em seu Índice de Desenvolvimento Humano, enquanto o Brasil subiu 7 pontos. Fernando Henrique encontrou uma saída elegante: “É que o ponto de partida de vocês era bem mais alto que o nosso, e é mais fácil mover-se de um nível mais baixo.”

O presidente seguiu para um encontro com o primeiro-ministro Leszek Miller, e, depois, para um jantar no palácio presidencial. Hoje de manhã, ele visita o presidente do Senado, Longin Pastusiak, e parte, às 11h15 (7h15 em Brasília) para Cracóvia, a cidade onde o papa João Paulo II foi cardeal. Às 15h15 (11h15 em Brasília), segue para Bratislava, onde se reúne com o presidente da Eslováquia, Rudolf Schuster. Amanhã, ao meio-dia, (8h em Brasília), Fernando Henrique embarca de volta para Brasília. 


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