Fim da campanha mineira mostra estilos opostos

Embora os dois tenham escolhido caminhadas como forma de encerrar atividades, Itamar usou imagem de ‘candidato do povo’, voltado para o Estado, enquanto Azeredo apostou na ligação com o governo federal

 

BELO HORIZONTE – Os dois últimos dias de campanha dos candidatos a governador de Minas Gerais foram o retrato fiel dos estilos opostos de cada um. O ex-presidente Itamar Franco (PMDB), com 51% das intenções de voto na última pesquisa do Ibope, cultivou a imagem de candidato do povo, voltado para a realidade e os interesses de Minas Gerais. Já o governador Eduardo Azeredo (PSDB), com 36%, procurou afirmar-se como político articulado nacionalmente e em estreita sintonia com o governo federal.

Ambos encerraram suas campanhas de rua, quinta-feira, com caminhadas na região central de Belo Horizonte. Mas as coincidências terminam aí. A caminhada de Itamar, realizada no fim da manhã ao longo da Avenida Afonso Pena, foi estrelada pelo popular prefeito Célio de Castro (PSB), ao lado de prefeitos do interior e de deputados estaduais e federais. O único não mineiro – mas não menos discreto – era o presidente do PPS, o senador pernambucano Roberto Freire.

A caminhada de Azeredo, no fim da tarde, foi antecedida por almoço com o governador no tradicional Minas Tênis Clube, com a presença do ministro da Saúde, José Serra, dos governadores do Rio de Janeiro, Marcello Alencar, do Ceará, Tasso Jereissati, e de Mato Grosso, Dante de Oliveira, dos líderes do PSDB na Câmara, o mineiro Aécio Neves, e no Senado, Sérgio Machado (CE), além do presidente nacional do partido, o senador Teotônio Vilela Filho (AL). Seguiu-se uma “revoada de tucanos”. Azeredo foi caminhar com 5 mil mineiros, depois que Itamar caminhara com 10 mil, segundo a Polícia Militar.

As atitudes dos simpatizantes de um e de outro candidato também são muito diferentes. O apoio dos pequenos partidos de esquerda, encabeçados pelo PC do B, e, com eles, das entidades estudantis, dão à campanha de Itamar o colorido e o entusiasmo próprios dos militantes. As pesquisas desfavoráveis e as alianças de centro-direita encolhem a militância pró-Azeredo e as pessoas que trabalham na panfletagem do governador são os frios empregados pagos.

A campanha de Azeredo visivelmente dispõe de muito mais recursos do que a de Itamar – e não só na capital. Na quinta-feira, o exército azeredista espalhava panfletos com a generosidade de quem tem muito material e mais ainda vontade de livrar-se dele. Enquanto isso, no amadorístico comitê de Itamar, as chamadas lideranças do interior disputavam cartazes, adesivos e panfletos praticamente no tapa.

Ontem de manhã, no entanto, a campanha de Azeredo teve seu momento mais juvenil. Secundaristas dissidentes da Umes, que apóia Itamar, inundaram a Avenida Afonso Pena de panfletos com a mensagem “Diga não a Itamar, para Collor não voltar”, repetida num alto-falante. Logo chegou um caminhão de som do PMDB, que passou a tocar música no último volume, para atordoamento dos passantes.

Azeredo fez campanha ontem na região do Rio das Velhas, seu reduto eleitoral. Esteve em Sete Lagoas, onde obteve 80% dos votos no primeiro turno, e em Curvelo (49%). Itamar encerrou-se em “contatos políticos” em Belo Horizonte – onde também deve ser o mais votado, graças à adesão do prefeito Célio de Castro.


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